A Magia Sexual, conhecida
no Oriente como Tantra, é a prática ritualística desenvolvida através
das energias canalizadas do corpo físico, da mente e do espírito humano. O ato
de criar outras vidas através de relações sexuais e instituir uma força, ou um
vínculo energético entre as pessoas envolvidas, é visto como místico e sagrado.
Como outras modalidades de Magia, a Magia Sexual também é um
recurso usado como fonte do poder que fortalece as cerimônias ritualísticas e
para obter o auto-conhecimento através da exploração do próprio corpo, psique e
alma. A Magia Sexual é uma das faces mais importantes da Magia moderna.
Utilizada tanto nas escolas ocidentais como nas orientais, sua origem
nos remete às práticas das crenças pré-cristãs, sendo que os primeiros
registros datam de 3000 a.C.. A Antiga Religião da Europa baseava-se em ritos
de fertilidade para assegurar a proliferação de animais, plantas e humanos. O
conceito pagão da atividade sexual era saudável e natural. Era a mais poderosa
energia que os humanos podiam experimentar através dos próprios sentidos, com a
manifestação afetiva de um indivíduo ou simplesmente a ação de compartilhar
prazer e desejo carnal com outra pessoa. Assim, mulheres consagradas serviam
aos deuses em templos, o homossexualismo e o heterossexualismo eram apenas
definições das preferências sexuais, etc.
Existem dois canais de energia no corpo humano que estão
associados ao sistema nervoso central e à medula espinhal, conhecidos no
Ocidente como Lunar e Solar ou Feminina e Masculina
(receptiva/negativa e ativa/positiva). Geralmente, entre os não-praticantes da
Magia Sexual, apenas uma das correntes de energia está
aberta e fluindo. Entre as mulheres, apenas a corrente lunar flui desimpedida.
Entre os homens, apenas o canal solar está realmente livre. No caso dos
homossexuais, essa situação está invertida. Em todas as situações, este fato
causa um desequilíbrio e influencia negativamente várias esferas da vida
humana.
Portanto, segundo este raciocínio, o estado sexual natural é a
bissexualidade, em que ambas as correntes fluem juntas em harmonia. A alma que
habita o corpo físico não é masculina nem feminina. Desse modo, o sexo é
meramente uma circunstância física. O fluxo harmonioso das correntes no corpo é
simbolizado pelo antigo símbolo do Caduceu.
Um dos maiores divulgadores da Magia Sexual contemporânea
ocidental é Aleister Crowley, através da doutrina do Thelema. Posteriormente, diversas escolas iniciáticas a
adotaram e adaptaram de acordo com a própria filosofia. Porém, os princípios
básicos permanecem inalterados. Na Índia, ainda é uma das práticas mais
utilizadas no hinduísmo.
Apesar de (teoricamente) compor vários sistemas mágicos,
atualmente, a maioria das tradições não incorpora a Magia Sexual em suas
atividades. Isto se deve a opção pessoal dos praticantes (inibição e
preocupações com as doenças sexualmente transmissíveis) e a pressão social de
uma cultura judaico-cristã, onde o sexo é visto como algo pecaminoso e
polêmico. Deste modo, nos ritos sexuais modernos, são usadas representações
simbólicas dos antigos elementos da fertilidade, sejam objetos que representem
os genitais ou apenas uma dança ou encenação erótica.
Sagrado Feminino
Nas antigas crenças pagãs, os pólos femininos da criação eram
reverenciados como sagrados e a mulher era vista como o principal canal gerador
de vida. A Deusa era a divindade principal, responsável pela criação de todas
as formas viventes. Dessa forma, os ritos que envolviam Magia Sexual,
utilizavam-se de mulheres e do sangue menstrual como elementos principais do
Altar Cerimonial.
O altar sagrado é formado por uma mulher que se deita de costas,
nua, com as pernas dobradas e afastadas (de forma que os calcanhares toquem as
nádegas). Um cálice é colocado diretamente sobre seu umbigo, ligando-o ao
cordão umbilical etéreo da Deusa, a qual é invocada em seu corpo. Derrama-se o
vinho sobre o cálice. O Sumo Sacerdote pinga três gotas de vinho, uma no
clitóris e uma em cada mamilo, traçando uma linha imaginária que forma um
triângulo no corpo feminino, tendo o útero como centro. Segue-se um beijo em
cada ponto, enquanto a invocação é recitada.
Fluidos Mágicos
Os fluidos produzidos no corpo humano de forma natural ou
através da estimulação sexual, também são utilizados nas cerimônias herdadas
dos povos antigos que envolvem a Magia Sexual, e são empregados para um
determinado objetivo.
O vinho ritual continha três gotas do sangue menstrual da Suma
Sacerdotisa do clã, que unia magicamente os celebrantes nesta vida e nas
próximas encarnações. Os caçadores e guerreiros eram ungidos com pinturas
ritualísticas que continham sangue menstrual. Acreditava-se que ao unir o
sangue de duas pessoas, criava-se um vínculo entre ambas. Ungir os mortos com o
sangue era uma forma de assegurar o retorno à vida. O sêmen era considerado
energia canalizada que vitaliza o praticante que o recebe. Ainda, o estímulo
dos mamilos faz com que a glândula pituitária secrete um hormônio que ativa as
contrações uterinas. Isso ativa o fluxo de certos fluidos através do canal
vaginal.
Criança Mágica
A criança mágica é um termo utilizado na Magia Sexual ocidental
para designar uma imagem no momento do orgasmo. Neste caso, a energia sexual
não é liberada como no ato sexual tradicional, mas inibida por períodos
prolongados e canalizada através da mente para que se manifeste numa forma de
pensamento mágico, formando uma imagem astral durante o orgasmo.
Para esta atividade, é necessário que o praticante tenha
desenvolvido a arte da concentra-ção/visualização e um controle firme sobre a
própria força de vontade pessoal, de forma que no momento do orgasmo, não haja nada
mais na mente que a imagem que deseja ver criada. Se estiver incompleta ou
difusa, é possível que interferências negativas se manifestem e passem a
consumir a energia sexual do praticante. Este conceito é uma das bases na
crença dos Sucubus.
Pancha Makara
A corrente oriental da Magia Sexual, chamada Tantra, é dividida
em cinco categorias de aplicações distintas conhecidas como Cinco M ou
Pancha Makara, que em sua maioria, são canalizados no campo físico (Caminho
da Mão Esquerda) e outro simbólico (Caminho da Mão Direita). O
Pancha Makara recebe interpretações diferenciadas nas cerimônias praticadas nas
correntes do Ocidente, ou em algumas situações, são adaptadas ou omitidas.
Madya Sadhana
A palavra Madya significa Licor e este
princípio está relacionado à aplicação do Caminho da Mão Direita com uso
adequado de estimulantes que ativam o sétimo chakra, Sahastrara,
considerado o último nível de evolução da consciência humana e responsável pela
integração dos outros chakras.
Mamsa Sadhana
O termo Mamsa pode ser traduzido como carne e
significar que este princípio está associado ao uso ritualístico de carne.
Também pode ser compreendido como fala (do verbo falar) e ser
interpretado como uma invocação ou um mantra. Em quaisquer dos casos, está associado
ao Caminho da Mão Esquerda (Físico).
Matsya Sadhana
Matsya significa peixe. Este princípio é usado
tanto no aspecto físico como no simbólico. É visto como um fluxo psíquico que
corre através dos canais da espinha dorsal, ou minoritariamente, como o consumo
ritual de peixe num banquete ou Eucaristia.
Mudra Sadhana
Este é o mais conhecido fora dos círculos tântricos e é
utilizado de maneira similar nos Caminhos Esquerdo/Direito. Representa o uso de
posições específicas do corpo (especialmente da mão) para simbolizar ou
encarnar certas forças, além de efetuar mudanças na consciência.
Maithuna Sadhana
A palavra Maithuna refere-se a união sexual.
Este princípio, que atua tanto no aspecto físico como simbólico, está
relacionado primitivamente com a atividade sexual. Porém, pode ser interpretado
também como a atividade simbólica.
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