sábado, 13 de maio de 2017

Matrix

Matrix
Quando assisti ao filme Matrix pela primeira vez, foram necessárias cinco horas para conseguir chegar ao fim. Há anos algo não me atingia tão profundamente, superando todas as expectativas e indo além dos meus sonhos mais loucos, ou melhor, dando corpo e sangue a eles.
Sozinho em casa, literalmente eu não acreditava no que os meus olhos viam e, por mais paradoxal que seja, não sei definir em palavras inteligíveis o que vi. Foi como desvendar o genoma do destino humano, aquela parte em cada um de nós que sabe, ou seja, o silencioso sentinela que, por séculos, milênios, eras, Éons, espera até o momento em que ele deva agir.
O potencial latente em todos os seres humanos, acreditar em si mesmo, em sua espécie, superar os obstáculos, vencer a descrença em si e no destino e ir além; todas as simbologias filosóficas, religiosas, ateístas, teístas, gnósticas e agnósticas unidas em um todo vivo e pulsante.
O sucesso do filme Matrix reside no fato de ser um espelho de todos nós, não importando a crença, a raça ou a formação; um eco de nossas mentes ou, talvez, de nossas almas. Um programa-base, um código de acesso aos meandros internos da espécie humana ou, quem sabe, das forças que movem o Cosmos.
Olhar para a Matrix é olhar para nossa mente. Ela está programada para nos dar todas as respostas (mesmo erradas), com uma capacidade gigantesca de criação e autopreservação. Ao mesmo tempo que realiza os nossos desejos, escraviza-nos a eles.
O mundo moderno é fruto da Matrix, tudo a nossa volta nasceu dela (da mente ou Matrix, como preferir), desde a bateria do seu relógio de pulso à nossa língua, à moral, à filosofia e à ciência.
Não vemos o mundo como ele é, mas sim como os nossos sentidos o captam. Uma rosa vermelha é todas as cores, menos o vermelho. Ela absorve as outras cores e reflete o vermelho.
Além disso, tudo o que é captado pelos sentidos é interpretado pela programação do cérebro. Este programa foi criado, de um lado, pela seleção evolutiva natural a todas as espécies e, de outro, por nossas próprias criações. Programas gerando programas, dando origem ao que chamamos de sociedade.
Ao olharmos à nossa volta, veremos um reflexo de nós mesmos, de nossos sonhos e pesadelos materializados, produzidos na Matrix e tornados "reais". Esta realidade virtual é onde vivemos com nossas leis, normas, nossos sinais e tantos outros elementos artificiais, formando um grande jogo baseado em convenções arbitrárias criadas pela Matrix.
Este gigantesco software de gerenciamento é alimentado por cada microprograma, ou seja, nós. Quando "crio algo", insiro um novo programa na Matrix; se esse programa lhe for útil, ele é agregado. Um bom exemplo são produtos e marcas que existem há décadas. Mas se eu sou um revolucionário, um terrorista, e crio uma idéia contrária à Matrix (o status quo), sou um vírus. Naturalmente os mecanismos de defesa dela serão lançados contra mim - o antivírus. Podemos pensar em uma pessoa como Giordano Bruno que, no século XIV, já acreditava em outros mundos e em vida em outros planetas e punha em xeque todas as concepções da Igreja (concepções oficiais), sendo, desta forma, condenado à morte ou, se preferirmos, deletado.
A internet e os programas imitam o nosso mundo e a nossa maneira de agir, porque foram criados por nós. Desta forma, eles refletem os nossos anseios, sendo uma continuação nossa. Mas, se é assim com os programas, também é conosco; então, de onde vem a nossa programação?
A natureza produziu uma série gigantesca de seres adaptados às mais diversas funções. Alguns conseguem sobreviver a grandiosas profundidades dos abismos oceânicos, onde o frio e a pressão matariam qualquer outro; ainda temos desertos, florestas e muito mais, os que voam, rastejam, nadam.
Essa diversidade incrível partiu de um ser unicelular, assim como o nosso Universo por meio do Big Bang. A matéria que compõe o homem é a mesma das estrelas.
Nós somos o fruto de tudo isso; viaje com os olhos da mente, imagine o momento em que a massa que deu origem ao Universo estava condensada em algo pouco maior que uma maçã... Ocorre a explosão, a expansão é imensa, terminando por dar origem às galáxias, às estrelas e aos planetas. Agora outro momento: alguns dias depois do início da criação, o primeiro anfíbio sai das águas para a terra, abrindo as portas para a conquista da Terra. Por incrível que pareça, você estava em todos esses momentos. "Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma", como diria Lavoisier. A matéria que compõe o seu corpo estava condensada com tudo mais naquela massa primordial. Se você retroagir à sua árvore genealógica, terá o anfíbio derradeiro nela.
A programação humana foi desenvolvida a partir de todos esses fatos elevados à enésima potência das suas combinações e mutações, formando um infindável caleidoscópio. É claro que uma série de condicionamentos foi sendo inserida, o que pode ter mudado o projeto original.
A física quântica* pode ser usada para descrever as inter-relações dos sistemas biológicos. Em virtude disso, ela teve um papel proeminente na descoberta do DNA e, conseqüentemente, do código genético. As pesquisas mais recentes de neurofisiologistas, físicos, matemáticos, dentre outros, têm levado a teorias que nos mostram ser o cérebro um processador quântico.
O cérebro humano capta inúmeras freqüências dimensionais, interpreta-as e, por meio delas, cria a "realidade". Assim sendo, elementos não-sujeitos às leis de tempo e espaço são integrados, um universo holográfico apreendido por uma mente holográfica.

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