terça-feira, 31 de julho de 2018

O principio do "nada criativo".



                Hoje em dia estamos sendo assaltados por um serie de descobertas desconcertantes, como se alguém tivesse retirado a tampa do baú da genialidade humana. Não obstante os descalabros em sentido ao contrário que me fazem depositar "muita fé" (perdão pela licença poética) no princípio involutivo ( não se trata de um erro, é apenas um novo verbete de criação própria, e aqui colocado de forma bem pensada.) da humanidade.
                Na área quântica então parece que entramos em uma revolução por hora, são os bóson de higgs a nos dizer que um campo ou uma partícula básica de criação, os strangelets a fundir a mente dos seus descobridores a cada choque de micro partículas atômicas enquanto se tenta entender porque diabos uma partícula precisa ser tão anômala a cada lugar em que se manifesta, e por aí vai.
                E eu tenho a impressão de que esta corrida de genialidade e descobertas esta em um crescente, e de que ela não vai parar. Por um lado isto é bom, afinal teremos daqui para frente mais pessoas com a mente presa em descobrir fontes de energia limpa por exemplo, do que ligadas a exploração de combustíveis fosseis, mas por outro lado, tendemos a criação de tanta informação que chegaremos a uma hora de que teremos um "big crunch", uma quebra, uma ruptura, provocada pelo excesso de informação não trabalhada.
                Não tenho idéia de onde poderá  nos levar esta Babel de informações, e para nos defendermos deste desfecho pouco salutar só vejo  uma solução, e por isso deixo aqui um aviso.
                Não podemos nunca nos deixar levar por um frenesi de descobertas tipo um bando de tubarões em frenesi alimentar, estamos trabalhando sempre com partículas menores que o átomo que continuam mantendo um comportamento altamente caótico, a mecânica quântica pode se parecer com tudo, menos com uma mecânica ao pé da letra. Talvez não exista um ordenação mínima a nos apegarmos para o entendimento de seu funcionamento.
                Estamos lidando com o caos, e este não precisa de explicação. Mas se parece com uma folha de papel em branco como esta na qual escrevo este texto, ele aceita tudo aquilo que quisermos imprimir, até mesmo palavras inexistentes como a colocada acima e que tanto chocaram vossos olhos ao por ela passar.
                Isto mesmo, qualquer expressão é cabível no caos e uma vez aceita por ele, ela se torna um expressão valida e contextual tal qual a palavra criada, ela agora existe para mim e para todos que leram esta resenha, ela agora faz o maior sentido mesmo ainda não tendo sido colocada em um dicionário, mas ela esta lá, vocês que a leram se lembraram dela, um dia em um papo, em um cafezinho ou qualquer outro momento aprazível ou não.
                Aqui esta o grande paradoxo que estamos temerariamente perdendo de vista. o paradoxo do "nada criativo".
                E se não estivermos descobrindo nada, e em nosso contato com o caos estejamos somente imprimindo nele nossas expressões mais internas, e nos deixando levar por egos inflamados confundindo meras "paginas impressas no caos quântico" com "descobertas sobre o funcionamento do caos" ? Não existe uma verdade absoluta, pois tudo é real. A física quântica nos mostra a cada dia que se foi pensado então existe.
                Se mudarmos o paradigma e ao invés de denominarmos tudo o que se observa como descoberta passarmos a ver a coisa com o enfoque de criação ? Esta poderia ser uma ótima solução. Pois assim estaríamos nos adaptando a lidar com um novo universo ao invés de simplesmente tentar desmontar  aquilo que ainda nem arranhamos no entendimento.
                Se já conseguimos observar o "vácuo quântico" (onde vemos que há o vazio de vazio, e um comportamento estranho nesta lacuna de tudo), e também se obter "Pedras do tempo" (o primeiro estado da não matéria), então podemos tentar simplesmente fazer mesas de vácuo quântico e jogar dados feitos de pedras do tempo sobre ela.
                Claro que aqui me expressei de forma alegórica. Mas fica esta pequena dica a quem interessar possa. No meu modo de ver, estamos somente começando nosso trato com o caos, e creio que devemos nos aproveitar disto.
                Devemos tomar consciência neste momento de nosso poder criativo e de o quanto podemos fazer com ele, a janela foi aberta, basta somente expiarmos a paisagem lá fora, ver o dia bonito que podemos criar para dai tomarmos coragem de abrir a porta de casa e vir para a rua brincar com a inspiração.
                No campo das ciências devemos ser sérios, mas no plano quântico não podemos ser tão rígidos com relação aos resultados. Afinal o que é quântico, é ao contrario do que é mecanicista, logo fica a dica, não devemos levar a vida tão a serio , afinal não conseguiremos sair vivos dela de qualquer maneira.

O inimigo Intimo


A passagem do estado animalizado para graus de consciência mais elevados, sempre é para todo e qualquer ser humano um período de complexas mudanças. Coisas que antes lhe chamavam a atenção ou situações que o perturbavam completamente, agora deixam-no vazio ou sem inspiração. As coisas parecem ter perdido seu significado usual.
 Antes destes períodos, a consciência imersa nos medos deixa-se levar pelos impulsos do ego, aceitando deste os impulsos e tornando-se quase que inativa. Esta inversão de valores é descrita em todas as tradições místicas e religiosas e quase sempre traduzida pelo arquétipo da queda.
Não estou aqui a apregoar que o EGO seja o grande vilão da história, só que convivendo sem censura e apoiado por seu primo-irmão medo, ele torna-se por demais  ávido por uma reafirmação constante. Esse medo profundo e a necessidade de validação externa podem ficar muito tempo escondidos como o verdadeiro motivo de muitas de nossas ações. Toda nossa vida pode ser construída em cima disto, sem que você tenha a mínima ideia disso.
Apenas sentimos a vida se emaranhar em uma cascata de situações, amores perdidos e sonhos desfeitos. Ou quando muito, vemos nossas vidas paradas em situações tão distorcidas que não conseguimos ver nelas nada daquilo que almejamos um dia em nossas existências.
O mundo é um espelho e não um campo de batalha como acha o ego eclipsado pelo medo. A resposta dele sempre soará tal e qual a ultima nota emitida por sua própria vibração. Se a nota tocada é a da não realização toda a sonata também soará por aí. Esta sinfonia funciona mais ou menos assim :

“Sua consciência vibra amor, esta mensagem é recebida por aquele que é o responsável por dar destinação, fazer a escolha do próximo frame do filme de sua vida, para que a vontade da consciência e o aprendizado inerente da mesma se cumpra, e este alguém é o ego. Quando eclipsado pelo medo, faz a escolha errônea de um tipo de relacionamento que tem todos os pontos para dar errado. Porque o amor se transforma simplesmente na condição de posse e perda daquilo que se pretende.”

O exemplo acima, não é valido tão somente na condição de relacionamentos , ele se encaixa em todas as áreas de existência, tal como o não despertar de faculdades necessárias para o desenvolvimento de algum dom artístico por exemplo.
O pleno exercício do livre arbítrio nunca nos foi negado. Nós desenvolvemos a condição de prisioneiros por nós mesmos, e ficamos totalmente atávicos a estes padrões emocionais robotizados, nos maltratando, deixando de viver, e por vezes chegamos a um estado de torpor tão grande que sequer questionamos o porque disto, e quando em algum lampejo tal  pergunta nos passa pelo pensamento, o ego imediatamente a exterioriza tratando o problema na periferia.
Também a proposta não seria a de sermos paladinos destemidos, pois quem não teme é um idiota. Medo como regulador dos passos, como um sinalizador de cuidado é sempre louvável, mas o medo descabido e desconhecido, que pior que te impedir a caminhada , te guia por caminhos tortos, este deve ser evitado.
Então a coisa mais salutar a se fazer, é voltar-se para a escuridão interior e buscar tatear nossos medos, entende-los, ver de onde brotaram, porque estes pequenos e danosos seres não resistem a uma única centelha de luz inquisitória. Uma vez com eles mapeados o EGO tonará a voltar ao serviço do ser maior que é sua consciência (ésta em um aspecto mais amplo),e desta forma podemos assumir a nossa posição de deuses como reais manipuladores deste plano.
Creiam-me isto é possível, pois como dito a muitos anos atrás por um sábio da física :

“O mundo não esta cheio de átomos, esta cheio de ideias”.

Energia e pensamento


As emoções são forças pulsantes, mas não atrativa, ela é tão somente um gatilho disparador de endorfinas e serotoninas das mais variadas espécies, agem como disparadores químicos de  pensamentos, estes sim, nem sempre claros a nós mesmos, e dissimulados por detrás das emoções são os verdadeiros modeladores da realidade.
            Emoções inferiores costumam gerar pensamentos de instabilidade e medos e você experimentará aquilo que teme muito. Um animal que é considerado  uma forma de vida inferior (embora os animais ajam com mais integridade e coerência do que os seres humanos) - sabem imediatamente se você tem medo dele. As plantas - que consideramos uma forma de vida ainda mais inferior - reagem às pessoas que as amam muito melhor do que às que não se importam com elas.
Nada disso é coincidência. Não existe coincidência no universo - só existe um grande projeto; um incrível "floco de neve".

Pensamentos são energia em atividade. Quando você ativa energia, cria efeito. Se ativar energia suficiente, criará matéria. Matéria é energia acumulada. Ativada. Se você manipular energia de tempo o suficiente de um determinado modo, obterá matéria. Todos os Mestres conhecem essa lei. É a alquimia do universo, o segredo de toda vida.
O pensamento é pura energia. Todos os pensamentos que você tem, teve ou terá são criativos. A energia do seu pensamento nunca acaba. Nunca deixa a sua essência e a sua mente no universo. Um pensamento é eterno. Todos os pensamentos se solidificam; encontram outros pensamentos, ziguezagueando em um incrível labirinto de energia, somando-se ou reduzindo-se, criando uma forma sempre mutante de indescritível beleza e inacreditável complexidade.
Energia similar atrai energia similar - formando (para usar palavras simples) “massas” de energia do tipo similar. Quando “massas” suficientes de energia similar se encontram, "grudam" umas às outras (para usar outro termo simples). É preciso uma quantidade enorme de energia similar para formar matéria. Mas a matéria se formará de pura energia. Na verdade, é o único modo pelo qual pode formar-se.
 Quando a energia se torna matéria, continua a ser matéria durante muito tempo  a menos que seja desintegrada por uma forma de energia oposta ou dissimilar. Essa energia dissimilar, agindo sobre a matéria, de fato a desintegra, liberando a pura energia da qual era formada.

Em termos elementares. Einstein chegou mais perto do que qualquer outro ser humano  antes ou depois dele descobrir e explicar o segredo criativo do universo.
Agora você deveria entender melhor como pessoas de mente similar podem trabalhar juntas para criar uma realidade ideal. A frase "Onde dois ou mais estiverem reunidos em Meu nome" torna-se muito mais significativa. É claro que quando sociedades inteiras pensam de um determinado modo, com muita frequência acontecem coisas surpreendentes, nem todas necessariamente desejáveis.
 Por exemplo, uma sociedade que vive sempre com medo, de fato, inevitavelmente produz o que teme mais. De igual modo, grandes comunidades ou congregações com frequência encontram um poder milagroso no pensamento combinado (ou no que algumas pessoas chamam de oração comum).
E deve ser deixado claro que até mesmo os indivíduos , se seus pensamentos (suas preces e esperanças, seus desejos, sonhos e medos) forem muitos fortes podem produzir esses resultados.
Entendeu como manipular energia e matéria, como rearranjá-las, redistribuí-Ias e controlá-las totalmente. Muitos Mestres sabiam disso. Muitos sabem agora. Você pode saber. Neste exato momento. Esse é o conhecimento do bem e do mal que Adão e Eva partilharam.
 Só pôde haver vida como vocês a conhecem depois que eles compreenderam isso. Adão e Eva - os nomes míticos que vocês deram ao Primeiro Homem e à Primeira Mulher - foram o Pai e a Mãe da experiência humana.
O que tem sido descrito como a queda de Adão, na verdade foi o seu erguimento, o maior evento isolado na história da humanidade. Porque sem ele, o mundo da relatividade nunca existiria. O ato de Adão e Eva não foi o pecado original. Na verdade, foi a primeira bênção. Vocês deveriam agradecer-lhes do fundo de seus corações, porque sendo os primeiros a fazer a escolha" errada", produziram a possibilidade de fazer qualquer escolha. Em sua mitologia vocês tornaram Eva a "má" , a tentadora que comeu o fruto do conhecimento do bem e do mal, e induziu Adão a fazer o mesmo. Essa mitologia lhes permitiu tornar desde então a mulher a "ruína" do homem, o que resultou em todos os tipos de deturpação da realidade, sem falar nas visões distorcidas do sexo e nas confusões. (Como é possível sentir-se tão bem com algo tão ruim?).
O que vocês temem mais os perseguirá. O medo os atrairá como um ímã. Todos os seus escritos sagrados - de todas as crenças e tradições religiosas que criaram - contêm a clara advertência: não temeis. Acham que isso é por acaso?

Alquimia, um ensaio...


Uma metáfora da evolução psicológica em busca da Grande Obra.

“O nosso ouro não é ouro Comum (Rosarium Philosophorum).

“Para que os galhos de uma arvore possam chegar até os céus, suas raízes devem alcançar o Inferno”

Transformar chumbo em ouro : Este é o grande segredo da alquimia, tão mal entendida pela nossa mente ocidental, que tentou traduzir literalmente o que pode ser compreendido como uma metáfora do aperfeiçoamento interior.
            A metamorfose dos metais em ouro explicita um processo de transformação contínua que nos conduz a um forte senso de identidade pessoal psicológica chamada de “Self”, e podemos também chamá-la de “Ouro” simbolicamente associada ao Sol, ao centro do ser e ao número 666.
      O nome “pedra filosofal” por si só já explica que não se trata de uma pedra “física”,material, e sim de uma metáfora. A pedra  que transforma em ouro tudo o que toca pode ser também vista como aquele sentimento de autenticidade tão intenso que afetas tudo ao redor. Quando nos encontramos profundamente centrados em nossa autenticidade, é inevitável que contagiemos o mundo a nossa volta. Passamos a não mais viver a realidade, mas a construí-la segundo nossa vontade. Ter contato com este estado de autenticidade não é uma tarefa fácil. A alquimia antiga nos fala de 4 (quatro) estágios transformadores que permitem a transformação do chumbo em ouro, todos nós vivemos estes estágios de uma forma ou de outra. A magia da alquimia não esta nos porões escuros, e pode ser percebida de uma forma muito clara no cotidiano, na forma de experiências bastante conhecidas, como o fato de apaixonar-se, o sofrimento pelas perdas, a realização de uma idéia no plano material, a criação da arte. A própria  vida é o laboratório onde se desenrola toda a Opus (obra) alquímica.

Os quatro estágios da Opus

1 - Calcinatio.

      O primeiro estágio da opus tem a natureza do elemento fogo, e se refere ao poder de “arder”, queimar. Tecnicamente falando,o alquimista aquece a prima matéria (material bruto, primário, símbolo da personalidade instintiva) até que toda a parte liquida (a emoção) se evapore.
      Esta imagem de “queima” pode ser traduzida como frustração do desejo (boulomai), até que as emoções egóicas se esgotem por si só e o animal seja queimado e domado, a fim de que a vontade verdadeira se manifeste. A simbologia da calcinação evidencia-se na imagem da Lâmina XI do tarot.
      Os símbolos animais ligados à calcinatio são o leão e o lobo, simbolicamente associados a paixão, à voracidade e ao orgulho. Num estado puro, tais animais não são maus (alias o mau não existe), mas intelectualizados e não mentalmente avaliados (o que é normal na raça humana) somente causam dor e destruição. O animal que destroça tudo o que há em seu caminho é a própria imagem simbólica do ego.
É importante que se compreenda que as emoções não são prejudiciais a alquimia, mas precisam ser transformadas para que a “ânsia de resultados  seja desfeita. É sabido que o trabalho mágico exige o máximo de desprendimento de resultados o possível. Quando desejamos algo é porque temos medo que não seja nosso. Aquilo que se integra perfeitamente à nossa realidade não gera razão para ânsia alguma. Algumas ilustrações alquímicas mostram o momento de calcinatio como sendo um leão com as patas cortadas. Podemos ver o leão na mitologia egípcia como sendo Sekhmet, um dos vingativos olhos de Rá (a mulher na tipificação de seu período pré-menstrual “TPM”), que personifica o calor destrutivo do deserto. É a própria imagem do desejo do ego, que está sempre voraz, sempre ansioso, como ficaria qualquer pessoa em um deserto ao meio-dia. As patas cortadas revelam a frustração deliberada do desejo, pois o leão não pode atacar sem patas.Tal frustração do desejo não esta fundamentada nos dogmas morais convencionais nem tampouco em valores maniqueístas.
      Aqui a frustração é o movimento doloroso porem compassivo para o processo de transformação do chumbo em ouro. O que se reflete na calcinatio não é repressão ou a condenação moral: é o sacrifício voluntário de um desejo para que algo novo possa emergir.
      Este é o Anátema da Chaos magick :o sacrifício de algo pessoalmente valioso, uma modificação radical na aparência,ou algo que desestruture a antiga forma à qual estávamos apegados. As verdadeiras lágrimas de tristeza são também consideradas de imenso valor para o trabalho mágico, e é recomendado que, num momento de verdadeira tristeza, sejam armazenadas as lágrimas que serão tremendamente úteis para diversos tipos de se rituais.
      É sabido que a simples situação de viver já é, por si só,uma opus alquímica. Na própria vida ordinária podemos ver o movimento de calcinatio em uma experiência de amor frustrado. Não há nada mais doloroso e nada mais frustrante e caustico do que o amor negado.Quando não podemos ter alguém que amamos, geralmente sentimos raiva ( a voracidade do lobo e do leão), e logo depois uma autopiedade e autocomiseração exacerbadas. A imagem alquímica é a do material que entra em ebulição (raiva) e então se evapora.O evaporar representa o momento em que as emoções se rendem e se dissipam, o que é inevitável, uma vez que, por mais teimosia que tenha um indivíduo, chega-se a um ponto em que a tristeza não pode mais ser retida, e ela se esvai naturalmente.
      A experiência de calcinatio pode ser fatal para pessoas de psiquismo fraco. Mas se observarmos a grande potencialidade criativa manifestada neste momento de extrema dor, se permitindo sentir a raiva e a frustração sem projeta-la nos outros, suportando isto até que comece a evaporar, a experiência pode se tornar um fantástico “Modelador” de um forte senso de identidade pessoal. Pessoas que nunca passaram por esta experiência, ou que viveram mas falharam no momento da queima,projetando o calor para fora e atribuindo a culpa aos outros, são escravas do lobo e do leão, são por estes animais possuídas, e manifestam uma destrutividade  incompreensível.
      Para Jung, Marte(Guevura) é o lobo,o principio sulfuroso da prima matéria (no segredo no nono grau cita : “mas o leão deve estar irritado...”), assim como o leão. Ambos os animais são representações primitivas da mesma energia que se transforma, no final do processo, no Rei renovado. A imagem do rei renovado é indestrutível, inabalável, e paira acima de todas as coisas, e pode também ser representada pela águia, que voa alto e consegue encarar o sol.um rei não pode ser machucado.O desejo (lobo, leão ou boulomai), com o tempo se transforma em vontade.
      A existência de um momento de calcinatio na vida de uma pessoa são mais passíveis de acontecer em pessoas que tenham influencia de signos de fogo, ou através do trânsito de marte e plutão nos mapas astrais. Muitas vezes o incêndio da calcinatio torna a pessoa fisicamente doente, sobretudo tomada por febres, dores musculares, enxaquecas, e até mesmo vitimas de acidentes psicossomáticos (tendência repetitiva de se acidentar, se morder ou se cortar, como forma de se agredir).
      A idéia é a do incêndio psíquico que se segue a um estado de apaixonamento frustrante.

2 - Solutio.

      O segundo dos quatro estágios alquímico denominado solutio este intimamente ligado à morte e a transformação, e associa-se simbolicamente ao elemento água.Na obra alquímica a prima matéria é colocada em um alambique e então diluída em água.O material então se rompe, se desintegra, perdendo sua forma particular e torna-se fluido. Podemos então considerar a solutio como um processo de perda de sentido dos limites do ego, uma experiência de rendição, associada astrologicamente ao planeta Netuno(Hockma) e miticamente a Dionísio, quando embriagado.
      Na vida a solutio é muito simples de ser identificada nas experiências do envolvimento romântico: nossos limites particulares se fundem nas águas do romance e deixamos de ser dois para nos tornar um. Os temas de sonhos característicos da solutio envolvem sempre água: uma enchente, estar morrendo afogado, uma grande onda que avança, estar em um bote a deriva no meio do oceano, e outras imagens similares e que explicam bem a perda de limites do ego individual.
      Enquanto que na calcinatio temos a experiência do amor frustrado, na solutio temos a vivência do amor romântico a um tal ponto que se perde quase que totalmente o sentido de si mesmo. Tornamos fundidos com o outro, nossa alma “sai de nós” e se funde na do outro, criando uma unidade “ourobórica”. O ouroborus é a imagem da serpente que devora a sí mesma, e traduz a imagem do paraíso. Viver em ouroborus é viver no paraíso, experimentar situações doces, românticas, suaves, aprazíveis.
      Experiências místicas espelham também o estado de solutio, associando este movimento alquímico ao planeta Netuno(Hockma).
      O problema é que a Solutio é sempre bela de início, mas é também uma grande armadilha, porque com o tempo percebe-se que se perdeu o controle da própria vida. Há considerável medo ligado a este estágio da Opus. Para a pessoa de personalidade fraca, que nunca se tornou realmente independente, a solutio é tida como “maravilhosa”, porque a grande fantasia de tal individuo é ser moldado por uma força exterior – no caso, o parceiro(a), ou o mestre, ou algum Deus. Trata-se de uma manifestação inconsciente do desejo de morrer, de voltar ao útero, o desejo de repousar no lago amniótico do ventre materno. Alguns estados psicóticos revelam uma eterna solutio, tais como formas de autismo em que não se percebe nenhum ego. Viciados em drogas e alcoólatras são também seres imersos em uma perpétua solutio.
      A experiência romântica é, definitivamente a imagem da solutio traduzida na vida: achamos que aquela é a pessoa de nossa vida, que a conhecemos de outras encarnações e etc. Mas isso tem pouco haver com o relacionamento. Trata-se de uma experiência do inconsciente, projetiva e, portanto fantasiosa, onde vestimos sobre o próximo a roupa de nosso Deus. O problema é que esta experiência, como tudo, passa.
      Uma das mais poderosas imagens alquímicas da solutio é a do afogamento. O velho Rei, que representa as formas envelhecidas e primitivas do ego, precisa se afogar para então renascer.Há um gravura que mostra  o Velho Rei se afogando batendo os braços pedindo socorro.Mas o alquimista, na margem, deixa que ele se afogue, o que de se forma demonstra que o processo envolve uma ação consciente. A solutio não envolve pura e simplesmente o “deixa afogar” – há também a participação de uma parte de nós que observa e reflete. Tudo o que é velho rígido ou estranho deve ser afogado no mar, para que seja renovado. Amar outra pessoa é, de certa forma, morrer para um estado anterior de “ser”,para tornar-se outra coisa renovada.
      As fobias em geral têm muito a ver com a solutio, e se manifestam nas pessoas que resistem a este tipo de experiência,pessoas de natureza mais intelectualizada e mesmo rígida. Alguém com uma natureza assim vive a solutio como uma experiência terrivelmente assustadora, e termina criando temores que aparentemente nada tem a ver com o processo: Medo de ladrões, medo de aranhas, claustrofobia, etc. É o velho Rei abanando os braços, desesperado.
      Os signos de água em geral apreciam muito a solutio, exceto escorpião, que em parte adora e em parte rejeita o projeto. O propósito da solutio é liberar a nova vida,libertar o ser das coisas velhas e rígidas. A prima matéria fica livre das impurezas, de modo que termina sendo possível ver o ouro. Mas é vital ter em mente de que esta “União“ intensa gerada pelo processo não é o objetivo da obra alquímica. O objetivo é o lápis a “pedra filosofal”, a identidade definida, o sentido de self. Não existe a união total com a outra pessoa, a não ser no útero materno, o que também é uma situação temporária, definitivamente corrigida pelo processo natural do parto, muito embora no momento da solutio a maioria de nós tenha a impressão ilusória da eternidade de tal experiência, e a ruptura deste estado é sempre dolorosa.

3 - Coagulatio.

      Após todo o processo de queima e de dissolução, os líquidos começam a ficar sólidos. Neste estágio da opus alquímica, as substâncias se solidificam ,ou seja : o que era potencialidade criativa passa a se transformar em algo prático, palpável. Psicologicamente, o coagulatio representa o processo de encarnação. Astrologicamente e cabalisticamente associamos esta etapa ao planeta saturno(Daath “perceba-se que nesta sephira encontra-se o conhecimento segundo a cabala, associada a imagem do caprino “bode”, e também ligado ao arcano XV e ao signo de capricórnio) .
      As imagens da coagulatio envolvem dinheiro, alimento e prazeres sensuais, assim como as tradicionais associações com o pecado, a carnalidade, a expulsão do paraíso. Materializar qualquer coisa é sempre uma tarefa dúbia: é ao mesmo tempo satisfatório mais também frustrante, uma vez que nada no material é como parecia no reino da imaginação. A partir do momento em que se materializa alguma coisa, corta-se a potencialidade desta coisa. O que está materializado não mais apresenta ilimitadas potencialidades. Afinal, cristalizou. Uma das imagens simbólicas mais associadas a este processo é o da crucificação.
      O sentido da restrição é esperado no processo de coagulatio, uma vez que a definição das formas faz exatamente isto: restringe. Enquanto que na solutio temos um sentimento de dissolução dos limites do ego, na coagulatio ocorre o processo de estruturação de uma identidade.
      A coagulatio pode tanto seguir-se a uma solutio como a uma calcinatio. Representa então o processo de estruturação da identidade que se segue às dores da água ou as dores do fogo. Como o próprio nome diz, a idéia é coagular – o natural confronto com a realidade que se segue a uma experiência romântica ou mística (solutio), a redefinição do ego-identidade que se segue a uma frustração intensa (calcinatio). Mas a coagulatio também pode vir antes de uma de uma solutio ou de uma calcinatio, uma vez que muitas vezes é necessário antes desestruturar o que se encontra demasiadamente sólido. Isso é evidente em fases da vida da maioria dos seres humanos. Aos 29 anos, passamos por um “retorno de Saturno”, que coagula e define nossa identidade de uma forma muito intensa, e por volta dos 40 anos temos experiências transpessoais (Urano “Binah”, Netuno “Hockma”, Plutão “Keter”) que nos abrem a visão para uma série de novas realidades antes desconhecidas.
      A coagulatio representa um estágio do processo terapêutico que tanto o paciente quanto o terapeuta esperam, depois de sofrer de um mal por muito tempo, resolve fazer algo a respeito,ou seja ,o momento de por o discernimento em ação.. Compramos ou vendemos uma casa, terminamos um relacionamento destrutivo, abandonamos um emprego insatisfatório e etc. É o momento que se assume responsabilidade por si mesmo e tomam-se decisões. Para muitas pessoas este é um momento muitíssimo doloroso, porque representa a morte do estado irresponsável do “puer aeternus” (eterna criança), que não assume compromisso algum. Os motivos oníricos associados a este processo são também muito elucidativos: sonhamos com construção, reformas de casas, com o ato de comer e vomitar. Um sonho muito comum neste processo é quando a pessoa se vê nua no meio das outras, o que de certa forma revela que ela não desenvolveu uma relação muita definida com as coisas de saturno (estabilização, integração, materialização).
      Sonhos com fezes referem-se muito ao processo de coagulatio e são muito importantes, Freud atribuiu grande importância as fezes : porque elas representam a primeira coisa que a criança faz sozinha, sem a ajuda da mãe.Por esta razão os textos alquímicos fazem uma associação muito próxima entre ouro e as fezes: a individualidade cristaliza-se no aqui e no agora da vida material.O ouro alquímico é encontrado na vida, e não nos mundos transcendentais.

4 - Sublimatio.

      Simbolicamente associada aos planetas Júpiter(Hesed), Urano(Binah) e Mercúrio(Hod), a sublimatio envolve a idéia de alçar vôo. É o processo transformador de um conteúdo instintivo em imagem. Sendo mais claro, envolve a transformação de uma experiência em sentido espiritual, a extração do significado inerente a um fato (este processo é primeiramente tentado nos votos do VIIº grau da O.T.O, este votos fazem com que o iniciado veja tudo em sua vida como um ato mágico).
      Muitas vezes a dar da frustração(calcinatio) da lugar ao impulso criativo artístico, como o que fez Dante Alighiere escrever a “Divina Comedia” após a morte de sua amada Beatrice. A sublimatio pode ser então compreendida como um impulso espontâneo de dar sentido espiritual a fatos concretos. A poesia, um processo artístico e que tem haver com a sublimação, nasce das lagrimas e dos risos do poeta. Internalizar um objeto exterior numa imagem interior é a própria tradição do processo de sublimatio. Mas este não é um processo consciente, que ocorre porque desejamos. É o resultado natural de toda e qualquer experiência - com o tempo as coisas começam a fazer sentido, ou seja : sublimam.
      No Rosarium Philosophorum, temos a imagem do Rei e de uma Rainha (as polaridades) que se dissolvem numa união sexual (solutio); logo após ambos são retratados mortos numa laje, unidos em um novo corpo hermafrodita. A esta “fase de morte” que se segue a solutio, damos o nome de nigredo, e podemos traduzi-los como aquele modelo natural de tristeza e melancolia que se acomete sobre todos nós, cedo ou tarde na vida, essencial para a reflexão. Repentinamente surge a imagem de uma pequena figura alada que abandona o cadáver e alça para o Éter. Ela sobe e desaparece. Nas outras figuras, vemos que o ente alado retorna e reanima o cadáver. Esta exótica seqüência de figuras ilustra perfeitamente o processo de sublimatio: após o êxtase de união segue-se a morte, o processo reflexivo e o “sentido” que desabrocha de tudo isto. Tal “sentido” é sempre uma visão transcendente personificada pela figura alada, que termina reanimando o ser.
      Quando amamos alguém, e vivenciamos intensamente tal amor, podemos nos considerar em um processo de clara solutio, onde nosso ego-identidade se dissolve no outro. Segue-se com o tempo um sentimento de frustração, que pode tanto decorrer do fim do relacionamento como também da estagnação do mesmo; a depender da intensidade de tal frustração, podemos considera-la como uma violenta calcinatio ou uma depressiva nigredo. Com o tempo, entretanto, aquilo que a outra pessoa representa é por nós internalizado, e descobrimos que o que nós admiramos esta dentro de nós mesmos. A este “Insight”, damos o nome de sublimatio, que pode também ser definido como a função da imaginação, que permite o fim de nossa dependência a referencias externa (felicidade derivada do parceiro, derivada do trabalho, derivada do dinheiro, etc.) e a formação de um sentido de individualidade, o ouro filosofal.
      Na sublimatio temos a imagem da ave que alça vôo, representando o espaço que temos para respirar, de tal modo que os sentimentos não são reprimidos, mas também não são consumados. Tal processo, entretanto, sempre vem após uma nigredo, após um sentimento de perda ou de morte. Não pode haver sublimatio enquanto houver uma “fantasia de fusão”. Resumidamente, podemos dizer que a sublimatio representa o momento em que somos capazes de traduzir experiências em atividades criativas ou em significado psicológico/espiritual.
      Os sonhos que mais evidenciam este movimento da opus envolvem pássaros que voam, ou a própria pessoa voando, discos voadores, aviões, foguetes e outras imagens aladas,sobretudo se estão decolando.
      É importante observar que todos estes processos ocorrem naturalmente, e não dependem de nosso desejo particular. Não é viável uma sublimatio criativa quando a pessoa está em evidente movimento de solutio, ou vice-versa. A opus alquímica se dá inevitavelmente, queiramos ou não, a partir do momento que começamos a respirar. Nem todos viram ouro, mas a possibilidade se apresenta claramente para todos os seres dotados de liberdade de arbítrio, que pode ser interpretada simplesmente como ponto de vista. Podemos compreender tudo o que vivemos repleto de sentido e de oportunidade para crescimento. Ou não. No final das contas, depende de cada um garimpar o nosso próprio ouro nas minas escuras do inconsciente.