Alquimia e Física.
Acreditamos na possibilidade de que as mentes humanas sejam ligadas por uma rede de fios de luz interligados e controlados por um Sistema Ativo Tridimensional e invisível aos olhos humanos. Sim, isso que nós chamamos de realidade também pode ser chamado de Holograma Universal, melhor representado pelo conceito de Matrix. A ciência contemporânea está próxima de desvendar esses mistérios.
A ciência começa a desvencilhar os mistérios que podem ser explicados pelo Modelo Quântico Informacional Holográfico do Universo. Finalmente, o mundo científico desperta para essa Nova Consciência.
O cérebro faz uma interação entre a consciência e o universo. Essa tese está embasada na teoria das redes neurais holográficas, na teoria quântica de David Bohm e na lógica da não-localidade do campo quântico de Umezawa.
O cérebro humano tem a propriedade de interagir com a natureza quântica holográfica do universo por meio de pulsos energéticos, dando ao homem não só a condição de adquirir informações cósmicas, mas também manipular o que lhe é tangível pelos cinco sentidos, criando situações e transformando cada passo de sua existência. O individuo muitas vezes fica sabendo de coisas através da sincronização das ondas cerebrais com a dinâmica quântica do universo. Essa interatividade entre homens e o universo tem sido mais frequente do que possamos imaginar. É justamente essa interatividade que tem ampliado a possibilidade de estarmos às portas da Plenitude dos Tempos.
A Porta de Entrada dessa interatividade é o cérebro humano. E por que?
Porque nele se processa uma avalanche de frequências de todos os nossos sentidos audição, paladar, olfato, visão, tato e o registro de memória. Em um centímetro cúbico do cérebro pode estocar mais de dez bilhões de bits de informação. Cientistas estão descobrindo que o cérebro por si constitui um holograma fantástico. Ele não só decodifica os padrões e ondas como também é um transmissor deste mesmo tipo de pulsação. Este mecanismo perfeito tem a facilidade de codificar e decodificar frequências sendo capaz de converter borrão de frequências em uma imagem coerente e outras proezas. O cérebro converge matematicamente todas as frequências que recebe a partir dos sentidos. Ele utiliza o próprio princípio holográfico para realizar as suas funções e envia vibrações para o pretenso mundo exterior por meio de codificação das emoções.
A teoria holográfica de Karl Pribram demonstrou a existência de informação no córtex cerebral denominada Holograma neural multiplex, dependente dos neurônios de circuitos locais, que não apresentam fibras longas e não transmitem impulsos nervosos comuns. “São neurônios que funcionam no modo ondulatório, e são responsáveis pelas conexões horizontais das camadas do tecido neural, conexões nas quais padrões de interferência holograficóides podem ser construídos”.
Entretanto, no universo holográfico universal, os cérebros são porções indivisíveis de um holograma maior e interligado através dos elétrons dos átomos de Carbono dos cérebros, que instantaneamente podem se comunicar com todas as mentes humanas existentes, independente do tempo e do espaço. Esse mega holograma é a matriz que deu origem a tudo que existe no universo, enquadrando cada partícula subatômica de tudo que existe dentro dele. Seja lá o que for, esse holograma universal é um mistério a ser desvendado. Essa matriz contém toda configuração da matéria e de energia existente e moldada para se desenvolver.
Enquanto os neurônios que não transmitem pulsos, servem ao processamento do mundo holográfico, outros tipos de neurônios que contem fibras longas trabalham voluntariosamente no processamento das emoções .
Estas ainda são mal compreendidas quando não racionalizadas, quando vivenciadas alem de sua intensidade natural. Este pequeno conflito se da por conta da especialização do cérebro. São tantas coisas a serem processadas que as condições emocionais são selecionadas em centros mais ou menos especialistas. Não precisa começar a se preocupar tentaremos explicar esta coisa de tamanha amplitude com poucas palavras.
Uma das emoções mais fáceis de aparecerem no ser humano comum é a raiva. Todos nós temos vários episódios deste sentimento varias vezes em nossas vidas, Mas o que seria a raiva, um sentimento angular e único ? Será que a raiva por sí consegue provocar mudanças em nosso meio ?.
Cremos que as respostas para as perguntas acima sejam duas grandes negativas, a raiva pode ser vista como a frustração e a sensação de incapacidade gerada pela não realização de um desejo. Os grandes mestres de artes marciais costumam colocar a raiva como um dos grandes fatores de derrota em uma luta. E normalmente vemos em nossas vidas as coisas se enrolarem a curto ou longo prazo por conta de atitudes tomadas sob o efeito deste sentimento.
Ao contrario do que dizem em tantos Best Sellers como no caso “O Segredo” que a mente atrai aquilo que deseja, temos que ver que a mente atrai aquilo o que vibra, aí esta realmente a chave do grande segredo.
Ao tomarmos uma atitude com raiva, já temos uma ação baseada em algo esperado que não aconteceu ou que esta em vias de não ser realizar, a amplitude de ondas geradas nesta ocasião não é a de uma sensação firme de estarmos marchando em direção aos nossos ideais.
Frustração é um tipo de incapacidade, não importa se a vemos como temporária, ou uma coisa que se arrasta as fronteiras da impossibilidade, ela terá sempre uma conotação de derrota.
Mas como os centros de processamento de emoções tratam este tipo de coisa no mesmo pacote, o que sentimos sobre sair de nossas mentes é a raiva, mas o que estamos lançando em termos de vibração no universo é uma coisa bem diferente, pois a vibração não depende em nada de nosso processamento emocional obtuso.
Então até mesmo quando enamorados precisamos analisar profundamente as interações reais desta conotação sentimental. Claro este ato, se tomado conscientemente não diminuirá seu efeito “cebola”, que se caracteriza por quanto mais cascas tiradas mais lagrimas serão derramadas. Mas isto não diminui a beleza da “salada” fruto deste esforço.
Os centros de processamentos emocionais unificados são ainda que misteriosamente, ligados ao hipotálamo. Este por sua vez se liga ao restante do corpo, pois é o responsável pelas respostas orgânicas aos padrões emocionais. O hipotálamo transmite as informações com bases emocionais as nossas células secretando cadeias de aminoácidos específicos a cada variante emocional denominada de peptídeos.
A repetição de um determinado padrão emocional provoca uma enxurrada continua de um tipo específico de peptídeo, o recebimento em demasia faz com que as células em seu processo natural de mitose, gerem descendentes com mais receptores aquela combinação. O resultado destas repetições podem ser desastrosas com o passar do tempo.
Este conjunto de células um dia terá a necessidade de colocar seus receptores em serviço e vão então sugerir ao corpo a criação de uma determinada condição emocional para que este desejo seja realizado. O corpo passou a agir como um viciado. E a mente se põe a procura destes estados emocionais para saciar este vicio ainda desconhecido e não percebido por seu portador.
Imagine uma pessoa que por histórico de formação tenha a má sorte de processar amor e dor no mesmo grupamento neuronal. Ela sem saber marchará para transformar sua vida em uma batalha de amores perdidos , não correspondidos ou ainda coisa pior. E aí nós veremos mais um danoso padrão em ação, enquanto acusamos aquele ser incauto no mínimo de sem vergonha.
A criação de historias futurísticas quase sempre sem um final feliz perfazem umas das formas mais inteligentes de manutenção de padrões emocionais. Aquelas coisas que acontecem por exemplo quando o ser amado simplesmente não atende o telefone. Do ela esta me traindo a esta em um hospital com problemas graves de saúde se vão aí mil possibilidades, as menores sempre são voltadas para um atraso no transito ou simplesmente um telefone no famoso vibra call.
Mas estas criações estão presentes no dia a dia nas mais diversas formas, e ficamos a todo instante reagindo emocionalmente a elas. Com isso não só perdemos o foco no presente, como desperdiçamos uma dose valiosa de energia além de nos inundamos de uma série de sensações sem o menor sentido existencial.
Por mais incrível que isto possa ser, tudo o que até aqui foi posto, já estava impresso em diversos manuais anteriores ao século XV, mas tinham uma nomenclatura que sugeria a busca de riquezas. E não uma conquista interior disfarçada. Estes antigos tratados tão atuais são conhecidos por nós como alquimia. Duas citações alquímicas sempre nos fugiram a percepção pelo seu cunho inicialmente altamente esotérico. São elas :
- “O nosso ouro não é ouro Comum “
- “Para que os galhos de uma arvore possam chegar até os céus, suas raízes devem alcançar o Inferno”
Isto por si só já sugere uma busca insólita por algo muito valioso, porem incomum, e que esta jornada deveria se direcionar muito profundamente em alguma coisa. Dizem que o próprio Jesus Cristo deixou expressa a fórmula na flâmula que encabeça a cruz na qual ele foi pregado, onde se pode ler gravada a palavra I.N.R.I com o seu significado descrito por muitos como sendo :
- “Ignem Natura Renovatum Integra”
Ou seja , o fogo interior renovando o todo. Estas antigas expressões demonstram como devemos mergulhar no nosso mundo emocional e revermos todos os conceitos que temos sobre ele. Afinal , estamos aqui para aprender, e tudo são chaves de nosso aprendizado. Nossos sonhos estão sempre nos passando símbolos, que quando bem decifrados como era a ideia de Yung, podem nos dar as chaves para grandes mudanças interiores. Da mesma forma são os fatos e pessoas a nossa volta, todas símbolos evolutivos que devemos aprender a decifrar, ao invés de mergulhar em uma panaceia endorfínica alucinada a qual nos tornamos dependentes e sobre a qual montamos nossas neuroses conhecidas mais simples simplesmente como padrões emotivos.
Não conseguimos neste ponto fugir a uma palavra bastante representativa de Sir Aliester Crowley, ele disse :
- Toda a fenomenologia tem um fundo endocrinológico.
A alquimia antiga nos fala de 4 (quatro) estágios transformadores que permitem a transformação do chumbo em ouro, todos nós vivemos estes estágios de uma forma ou de outra. A magia da alquimia não esta nos porões escuros, e pode ser percebida de uma forma muito clara no cotidiano, na forma de experiências bastante conhecidas, como o fato de apaixonar-se, o sofrimento pelas perdas, a realização de uma idéia no plano material, a criação da arte. A própria vida é o laboratório onde se desenrola toda a Opus (obra) alquímica.
1 – O primeiro destes estágios é denominado como Calcinatio.
O primeiro estágio da opus se refere ao poder de “arder”, queimar. Esta imagem de “queima” pode ser traduzida como frustração do desejo até que as emoções não analisadas se esgotem por si só e o animal seja queimado e domado, a fim de que as vibrações corretas se manifestem.
Os símbolos animais ligados à calcinatio são o leão e o lobo, simbolicamente associados a paixão, à voracidade e ao orgulho. Num estado puro, tais animais não são maus, mas intelectualizados e não mentalmente avaliados encobrem uma serie de outros motivos que não queremos ver, ou quando muito nos passam sem serem percebidos . O animal que destroça tudo o que há em seu caminho é a própria imagem simbólica das emoções evidenciadas.
É importante que se compreenda que as emoções não são prejudiciais a alquimia, mas precisam ser transformadas para que a “as suas fontes sejam encontradas” e deixem de existir algumas sub verdades emocionais.
Algumas ilustrações alquímicas mostram o momento de calcinatio como sendo um leão com as patas cortadas. É a própria imagem do desejo do ego, que está sempre voraz, sempre ansioso, como ficaria qualquer pessoa em um deserto ao meio-dia. As patas cortadas revelam a frustração deliberada do desejo, ou significa colocar-se em modulo de stand by em pleno pico emocional, pois o leão não pode atacar sem patas.Tal frustração do desejo não esta fundamentada nos dogmas morais convencionais nem tampouco em valores maniqueístas.
Aqui a frustração é o movimento doloroso porem compassivo para o processo de transformação do chumbo em ouro. O que se reflete na calcinatio não é repressão ou a condenação moral: é o sacrifício voluntário de um desejo para que algo novo possa emergir.
Uma modificação radical na aparência, ou algo que desestruture a antiga forma à qual estávamos apegados. As verdadeiras lágrimas de tristeza são também consideradas de imenso passo neste trabalho.
É sabido que a simples situação de viver já é, por si só,uma opus alquímica. Na própria vida ordinária podemos ver o movimento de calcinatio em uma experiência de amor frustrado. Não há nada mais doloroso e nada mais frustrante e caustico do que o amor negado. Quando não podemos ter alguém que amamos, geralmente sentimos raiva ( a voracidade do lobo e do leão), e logo depois uma autopiedade e autocomiseração exacerbadas. A imagem alquímica é a do material que entra em ebulição (raiva) e então se evapora. O evaporar representa o momento em que as emoções se rendem e se dissipam, o que é inevitável, uma vez que, por mais teimosia que tenha um indivíduo, chega-se a um ponto em que a tristeza não pode mais ser retida, e ela se esvai naturalmente. A partir do esvaziamento podemos olhar para nós mesmos com os olhos da verdade e descobrir a trajetória que tomamos e compara-las com momentos anteriores. Podemos chegar a perceber que a coisa deu-se a partir de um determinado instante com uma certa constancia das vezes anteriores, daí devemos empreender ainda maior esforço para ter a ideia da padronagem da qual nos travestimos quando em enlaces amorosos.
A experiência de calcinatio pode ser fatal para pessoas de psiquismo fraco. Mas se observarmos a grande potencialidade criativa manifestada neste momento de extrema dor, se permitindo sentir a raiva e a frustração sem projeta-la nos outros, suportando isto até que comece a evaporar e aí consigamos ver os reais motivos que nos remeteram a tal sentimento, a experiência pode se tornar um fantástico “Modelador” de um forte senso de identidade pessoal. Pessoas que nunca passaram por esta experiência, ou que viveram mas falharam no momento da queima, projetando o calor para fora e atribuindo a culpa aos outros, são escravas do lobo e do leão, são por estes animais possuídas, e manifestam uma destrutividade incompreensível, vitimadas sempre pelas mesmas forças, repetindo de novo e de novo as mesmas historias em suas vidas.
Para Jung, Marte é o lobo,o principio sulfuroso da prima matéria, nesta caso do sentimento bruto, assim como o leão. Ambos os animais são representações primitivas da mesma energia que se transforma, no final do processo, no Rei renovado. A imagem do rei renovado é indestrutível, inabalável, e paira acima de todas as coisas, e pode também ser representada pela águia, que voa alto e consegue encarar o sol. um rei não pode ser machucado.O desejo daquele determinado estado de coisas com o tempo se transforma em novas experiências.
Ao contrario do que se pensa os neurônios não são células imóveis, os locais de processamento emocionais formam-se com o tempo, de acordo com a experiência do sujeito. As constantes negações nos momentos de picos emocionais, fazem com que a informação necessite ser processada de uma nova forma. E para tal, os neurônios movem seus dendritos rearrumando o centro de processamento, mudando a modelagem do tratamento da informação, forçando o hipotálamo a sintetizar novos tipos de peptídeos em resposta aquele estado emocional.
A ideia é a do incêndio psíquico que se segue a um estado de apaixonamento frustrante, quando bem trabalhado, pode ser o ponto base para que comecemos a neutralizar nossos vícios por um determinado e repetitivo estado psíquico que na maior parte das vezes só nos é prejudicial.
2 - Solutio.
O segundo dos quatro estágios alquímico denominado solutio este intimamente ligado à morte e a transformação. Na obra alquímica a matéria prima é colocada em um alambique e então diluída em água. O material então se rompe, se desintegra, perdendo sua forma particular e torna-se fluido.
Quando nos propomos a romper como nossa padronagem, forçamos que os centros de processamento emocional se modifiquem, colocamos os neurônios que compõem este centro novamente em movimento, modificando suas conexões e forçando-os a novos abraços mágicos, ou seja , em um nova configuração para o ajuste natural ao processamento de uma maneira diferente as antigas emoções. Com isso forçamos a nós mesmos a criação de novos padrões, e desta forma reformulamos também nossa condição egóica.
Podemos então considerar a solutio como um processo de perda de sentido dos limites do ego, uma experiência de rendição. Quando acontece o inicio do processo de reestruturação dos enlaces de tratamento emocionais.
Na vida a solutio é muito simples de ser identificada nas experiências do envolvimento romântico: nossos limites particulares se fundem nas águas do romance e deixamos de ser dois para nos tornar um. Existe uma ampliação do ego individual. Faço este conhecido na física como expansão de campo. Denomina-se de campo a área de atuação eletromagnética de uma partícula
Enquanto que na calcinatio temos a experiência do amor frustrado, na solutio temos a vivência do amor romântico a um tal ponto que se perde quase que totalmente o sentido de si mesmo. Tornamos fundidos com o outro, nossa alma “sai de nós” e se funde na do outro, criando uma unidade “ourobórica”. O ouroborus é a imagem da serpente que devora a sí mesma, e traduz a imagem do paraíso. Viver em ouroborus é viver no paraíso, experimentar situações doces, românticas, suaves, aprazíveis.
Experiências místicas espelham também o estado de solutio. Como se fosse uma leve embriagues, um momento em que a nossa mente tem os primeiros lampejos de integração com o Todo.
O problema é que a Solutio é sempre bela de início, mas é também uma grande armadilha, porque com o tempo percebe-se que se perdeu o controle da própria vida. Há considerável medo ligado a este estágio da Opus. Para a pessoa de personalidade fraca, que nunca se tornou realmente independente, a solutio é tida como “maravilhosa”, porque a grande fantasia de tal individuo é ser moldado por uma força exterior – no caso, o parceiro(a), ou o mestre, ou algum Deus. Trata-se de uma manifestação inconsciente do desejo de morrer, de voltar ao útero, o desejo de repousar no lago amniótico do ventre materno. Alguns estados psicóticos revelam uma eterna solutio, tais como formas de autismo em que não se percebe nenhum ego. Viciados em drogas e alcoólatras são também seres imersos em uma perpétua solutio, ou vivem em uma busca alucinada por estados fugazes que o remetam mais próximo o possível do paraíso.
A experiência romântica é, definitivamente a imagem da solutio traduzida na vida: achamos que aquela é a pessoa de nossa vida, que a conhecemos de outras encarnações e etc. Mas isso tem pouco haver com o relacionamento. Trata-se de uma experiência do inconsciente, projetiva e, portanto fantasiosa, onde vestimos sobre o próximo a roupa de nosso Deus. O problema é que esta experiência, como tudo, passa.
Uma das mais poderosas imagens alquímicas da solutio é a do afogamento. O velho Rei, que representa as formas envelhecidas e primitivas do ego, precisa se afogar para então renascer. Há um gravura que mostra o Velho Rei se afogando batendo os braços pedindo socorro. Mas o alquimista, na margem, deixa que ele se afogue, o que de certa forma demonstra que o processo envolve uma ação consciente. A solutio não envolve pura e simplesmente o “deixa afogar” – há também a participação de uma parte de nós que observa e reflete. Tudo o que é velho rígido ou estranho deve ser afogado no mar, para que seja renovado. Amar outra pessoa é, de certa forma, morrer para um estado anterior de “ser”,para tornar-se outra coisa renovada.
As fobias em geral têm muito a ver com a solutio, e se manifestam nas pessoas que resistem a este tipo de experiência, pessoas de natureza mais intelectualizada e mesmo rígida. Alguém com uma natureza assim vive a solutio como uma experiência terrivelmente assustadora, e termina criando temores que aparentemente nada tem a ver com o processo: Medo de ladrões, medo de aranhas, claustrofobia, etc. É o velho Rei abanando os braços, desesperado.
O propósito da solutio é liberar a nova vida. O vencer as crises de abstinência deixadas pelo velhos padrões. Afinal o corpo inteiro esta viciado, não só a mente, é necessário o esforço para libertar o ser das coisas velhas e rígidas. A prima matéria fica livre das impurezas, de modo que termina sendo possível ver o ouro. Mas é vital ter em mente de que esta “União“ intensa gerada pelo processo não é o objetivo da obra alquímica. O objetivo é o lápis a “pedra filosofal”, a identidade definida, o sentido de self. Não existe a união total com a outra pessoa, a não ser no útero materno, o que também é uma situação temporária, definitivamente corrigida pelo processo natural do parto, muito embora no momento da solutio a maioria de nós tenha a impressão ilusória da eternidade de tal experiência, e a ruptura deste estado é sempre dolorosa.
3 - Coagulatio.
Após todo o processo de queima e de dissolução, novas formas de processamento emocional surgem por meio da recapacitação centros de processamento, daí dizer-se na alquimia que os líquidos começam a ficar sólidos.
Neste estágio da opus alquímica, as substâncias se solidificam ,ou seja : as energias começam a serem direcionadas para o que realmente vale a pena, passamos então a vislumbrar a manipulação de nosso universo e o que era potencialidade criativa passa a se transformar em algo prático, palpável. Psicologicamente, o coagulatio representa o processo de encarnação.
As imagens da coagulatio envolvem dinheiro, alimento e prazeres sensuais, assim como as tradicionais associações com o pecado, a carnalidade, a expulsão do paraíso. Materializar qualquer coisa é sempre uma tarefa dúbia: é ao mesmo tempo satisfatório mais também frustrante, uma vez que nada no material é como parecia no reino da imaginação. A partir do momento em que se materializa alguma coisa, corta-se a potencialidade desta coisa. O que está materializado não mais apresenta ilimitadas potencialidades. Afinal, cristalizou, ou no jargão da física quântica, colapsou. Uma das imagens simbólicas mais associadas a este processo é o da crucificação.
O sentido da restrição é esperado no processo de coagulatio, uma vez que a definição das formas faz exatamente isto: restringe. Enquanto que na solutio temos um sentimento de dissolução dos limites do ego, na coagulatio ocorre o processo de estruturação de uma identidade.
A coagulatio pode tanto seguir-se a uma solutio como a uma calcinatio. Representa então o processo de estruturação da identidade que se segue às dores da água ou as dores do fogo. Como o próprio nome diz, a idéia é coagular – o natural confronto com a realidade que se segue a uma experiência romântica ou mística (solutio), a redefinição do ego-identidade que se segue a uma frustração intensa (calcinatio). Mas a coagulatio também pode vir antes de uma de uma solutio ou de uma calcinatio, uma vez que muitas vezes é necessário antes desestruturar o que se encontra demasiadamente sólido.
Isso é evidente em fases da vida da maioria dos seres humanos. Aos 29 anos, passamos por um ponto de estruturação tão intenso que chega a ser conhecido nas rodas esotéricas como o “retorno de Saturno”, que coagula e define nossa identidade de uma forma muito intensa, pesada. Nesta etapa da vida as tendências repetitivas e demais neuroses se encontram bem cristalizadas, por volta dos 40 anos temos experiências transpessoais que nos abrem a visão para uma série de novas realidades antes desconhecidas. Mas eu devida a estruturação alcançada pelos centros de processamento e dependência orgânica acentuada podemos apenas interpretar esta experiências como total loucura, e muitas vezes estamos fadados a não da-las mínima atenção. O ego aqui tenta proteger seu solo conhecido, tentando nos fechar os olhos para existência de outras tendências e realidades.
A coagulatio representa um estágio do processo terapêutico que tanto o paciente quanto o terapeuta esperam, depois de sofrer de um mal por muito tempo, resolve fazer algo a respeito,ou seja ,o momento de por o discernimento em ação.. Compramos ou vendemos uma casa, terminamos um relacionamento destrutivo, abandonamos um emprego insatisfatório e etc. É o momento que se assume responsabilidade por si mesmo e tomam-se decisões.
Para muitas pessoas este é um momento muitíssimo doloroso, porque representa a morte do estado irresponsável do “puer aeternus” (eterna criança), que não assume compromisso algum. Os motivos oníricos associados a este processo são também muito elucidativos: sonhamos com construção, reformas de casas, com o ato de comer e vomitar. Um sonho muito comum neste processo é quando a pessoa se vê nua no meio das outras, o que de certa forma revela que ela não desenvolveu uma relação muita definida com as questões estabilização, integração, materialização internas, focando apenas os fatores externos a si.
Sonhos com fezes referem-se muito ao processo de coagulatio e são muito importantes, Freud atribuiu grande importância as fezes : porque elas representam a primeira coisa que a criança faz sozinha, sem a ajuda da mãe.Por esta razão os textos alquímicos fazem uma associação muito próxima entre ouro e as fezes: a individualidade cristaliza-se no aqui e no agora da vida material.O ouro alquímico é encontrado na vida, e não nos mundos transcendentais.
Acreditamos na possibilidade de que as mentes humanas sejam ligadas por uma rede de fios de luz interligados e controlados por um Sistema Ativo Tridimensional e invisível aos olhos humanos. Sim, isso que nós chamamos de realidade também pode ser chamado de Holograma Universal, melhor representado pelo conceito de Matrix. A ciência contemporânea está próxima de desvendar esses mistérios.
A ciência começa a desvencilhar os mistérios que podem ser explicados pelo Modelo Quântico Informacional Holográfico do Universo. Finalmente, o mundo científico desperta para essa Nova Consciência.
O cérebro faz uma interação entre a consciência e o universo. Essa tese está embasada na teoria das redes neurais holográficas, na teoria quântica de David Bohm e na lógica da não-localidade do campo quântico de Umezawa.
O cérebro humano tem a propriedade de interagir com a natureza quântica holográfica do universo por meio de pulsos energéticos, dando ao homem não só a condição de adquirir informações cósmicas, mas também manipular o que lhe é tangível pelos cinco sentidos, criando situações e transformando cada passo de sua existência. O individuo muitas vezes fica sabendo de coisas através da sincronização das ondas cerebrais com a dinâmica quântica do universo. Essa interatividade entre homens e o universo tem sido mais frequente do que possamos imaginar. É justamente essa interatividade que tem ampliado a possibilidade de estarmos às portas da Plenitude dos Tempos.
A Porta de Entrada dessa interatividade é o cérebro humano. E por que?
Porque nele se processa uma avalanche de frequências de todos os nossos sentidos audição, paladar, olfato, visão, tato e o registro de memória. Em um centímetro cúbico do cérebro pode estocar mais de dez bilhões de bits de informação. Cientistas estão descobrindo que o cérebro por si constitui um holograma fantástico. Ele não só decodifica os padrões e ondas como também é um transmissor deste mesmo tipo de pulsação. Este mecanismo perfeito tem a facilidade de codificar e decodificar frequências sendo capaz de converter borrão de frequências em uma imagem coerente e outras proezas. O cérebro converge matematicamente todas as frequências que recebe a partir dos sentidos. Ele utiliza o próprio princípio holográfico para realizar as suas funções e envia vibrações para o pretenso mundo exterior por meio de codificação das emoções.
A teoria holográfica de Karl Pribram demonstrou a existência de informação no córtex cerebral denominada Holograma neural multiplex, dependente dos neurônios de circuitos locais, que não apresentam fibras longas e não transmitem impulsos nervosos comuns. “São neurônios que funcionam no modo ondulatório, e são responsáveis pelas conexões horizontais das camadas do tecido neural, conexões nas quais padrões de interferência holograficóides podem ser construídos”.
Entretanto, no universo holográfico universal, os cérebros são porções indivisíveis de um holograma maior e interligado através dos elétrons dos átomos de Carbono dos cérebros, que instantaneamente podem se comunicar com todas as mentes humanas existentes, independente do tempo e do espaço. Esse mega holograma é a matriz que deu origem a tudo que existe no universo, enquadrando cada partícula subatômica de tudo que existe dentro dele. Seja lá o que for, esse holograma universal é um mistério a ser desvendado. Essa matriz contém toda configuração da matéria e de energia existente e moldada para se desenvolver.
Enquanto os neurônios que não transmitem pulsos, servem ao processamento do mundo holográfico, outros tipos de neurônios que contem fibras longas trabalham voluntariosamente no processamento das emoções .
Estas ainda são mal compreendidas quando não racionalizadas, quando vivenciadas alem de sua intensidade natural. Este pequeno conflito se da por conta da especialização do cérebro. São tantas coisas a serem processadas que as condições emocionais são selecionadas em centros mais ou menos especialistas. Não precisa começar a se preocupar tentaremos explicar esta coisa de tamanha amplitude com poucas palavras.
Uma das emoções mais fáceis de aparecerem no ser humano comum é a raiva. Todos nós temos vários episódios deste sentimento varias vezes em nossas vidas, Mas o que seria a raiva, um sentimento angular e único ? Será que a raiva por sí consegue provocar mudanças em nosso meio ?.
Cremos que as respostas para as perguntas acima sejam duas grandes negativas, a raiva pode ser vista como a frustração e a sensação de incapacidade gerada pela não realização de um desejo. Os grandes mestres de artes marciais costumam colocar a raiva como um dos grandes fatores de derrota em uma luta. E normalmente vemos em nossas vidas as coisas se enrolarem a curto ou longo prazo por conta de atitudes tomadas sob o efeito deste sentimento.
Ao contrario do que dizem em tantos Best Sellers como no caso “O Segredo” que a mente atrai aquilo que deseja, temos que ver que a mente atrai aquilo o que vibra, aí esta realmente a chave do grande segredo.
Ao tomarmos uma atitude com raiva, já temos uma ação baseada em algo esperado que não aconteceu ou que esta em vias de não ser realizar, a amplitude de ondas geradas nesta ocasião não é a de uma sensação firme de estarmos marchando em direção aos nossos ideais.
Frustração é um tipo de incapacidade, não importa se a vemos como temporária, ou uma coisa que se arrasta as fronteiras da impossibilidade, ela terá sempre uma conotação de derrota.
Mas como os centros de processamento de emoções tratam este tipo de coisa no mesmo pacote, o que sentimos sobre sair de nossas mentes é a raiva, mas o que estamos lançando em termos de vibração no universo é uma coisa bem diferente, pois a vibração não depende em nada de nosso processamento emocional obtuso.
Então até mesmo quando enamorados precisamos analisar profundamente as interações reais desta conotação sentimental. Claro este ato, se tomado conscientemente não diminuirá seu efeito “cebola”, que se caracteriza por quanto mais cascas tiradas mais lagrimas serão derramadas. Mas isto não diminui a beleza da “salada” fruto deste esforço.
Os centros de processamentos emocionais unificados são ainda que misteriosamente, ligados ao hipotálamo. Este por sua vez se liga ao restante do corpo, pois é o responsável pelas respostas orgânicas aos padrões emocionais. O hipotálamo transmite as informações com bases emocionais as nossas células secretando cadeias de aminoácidos específicos a cada variante emocional denominada de peptídeos.
A repetição de um determinado padrão emocional provoca uma enxurrada continua de um tipo específico de peptídeo, o recebimento em demasia faz com que as células em seu processo natural de mitose, gerem descendentes com mais receptores aquela combinação. O resultado destas repetições podem ser desastrosas com o passar do tempo.
Este conjunto de células um dia terá a necessidade de colocar seus receptores em serviço e vão então sugerir ao corpo a criação de uma determinada condição emocional para que este desejo seja realizado. O corpo passou a agir como um viciado. E a mente se põe a procura destes estados emocionais para saciar este vicio ainda desconhecido e não percebido por seu portador.
Imagine uma pessoa que por histórico de formação tenha a má sorte de processar amor e dor no mesmo grupamento neuronal. Ela sem saber marchará para transformar sua vida em uma batalha de amores perdidos , não correspondidos ou ainda coisa pior. E aí nós veremos mais um danoso padrão em ação, enquanto acusamos aquele ser incauto no mínimo de sem vergonha.
A criação de historias futurísticas quase sempre sem um final feliz perfazem umas das formas mais inteligentes de manutenção de padrões emocionais. Aquelas coisas que acontecem por exemplo quando o ser amado simplesmente não atende o telefone. Do ela esta me traindo a esta em um hospital com problemas graves de saúde se vão aí mil possibilidades, as menores sempre são voltadas para um atraso no transito ou simplesmente um telefone no famoso vibra call.
Mas estas criações estão presentes no dia a dia nas mais diversas formas, e ficamos a todo instante reagindo emocionalmente a elas. Com isso não só perdemos o foco no presente, como desperdiçamos uma dose valiosa de energia além de nos inundamos de uma série de sensações sem o menor sentido existencial.
Por mais incrível que isto possa ser, tudo o que até aqui foi posto, já estava impresso em diversos manuais anteriores ao século XV, mas tinham uma nomenclatura que sugeria a busca de riquezas. E não uma conquista interior disfarçada. Estes antigos tratados tão atuais são conhecidos por nós como alquimia. Duas citações alquímicas sempre nos fugiram a percepção pelo seu cunho inicialmente altamente esotérico. São elas :
- “O nosso ouro não é ouro Comum “
- “Para que os galhos de uma arvore possam chegar até os céus, suas raízes devem alcançar o Inferno”
Isto por si só já sugere uma busca insólita por algo muito valioso, porem incomum, e que esta jornada deveria se direcionar muito profundamente em alguma coisa. Dizem que o próprio Jesus Cristo deixou expressa a fórmula na flâmula que encabeça a cruz na qual ele foi pregado, onde se pode ler gravada a palavra I.N.R.I com o seu significado descrito por muitos como sendo :
- “Ignem Natura Renovatum Integra”
Ou seja , o fogo interior renovando o todo. Estas antigas expressões demonstram como devemos mergulhar no nosso mundo emocional e revermos todos os conceitos que temos sobre ele. Afinal , estamos aqui para aprender, e tudo são chaves de nosso aprendizado. Nossos sonhos estão sempre nos passando símbolos, que quando bem decifrados como era a ideia de Yung, podem nos dar as chaves para grandes mudanças interiores. Da mesma forma são os fatos e pessoas a nossa volta, todas símbolos evolutivos que devemos aprender a decifrar, ao invés de mergulhar em uma panaceia endorfínica alucinada a qual nos tornamos dependentes e sobre a qual montamos nossas neuroses conhecidas mais simples simplesmente como padrões emotivos.
Não conseguimos neste ponto fugir a uma palavra bastante representativa de Sir Aliester Crowley, ele disse :
- Toda a fenomenologia tem um fundo endocrinológico.
A alquimia antiga nos fala de 4 (quatro) estágios transformadores que permitem a transformação do chumbo em ouro, todos nós vivemos estes estágios de uma forma ou de outra. A magia da alquimia não esta nos porões escuros, e pode ser percebida de uma forma muito clara no cotidiano, na forma de experiências bastante conhecidas, como o fato de apaixonar-se, o sofrimento pelas perdas, a realização de uma idéia no plano material, a criação da arte. A própria vida é o laboratório onde se desenrola toda a Opus (obra) alquímica.
1 – O primeiro destes estágios é denominado como Calcinatio.
O primeiro estágio da opus se refere ao poder de “arder”, queimar. Esta imagem de “queima” pode ser traduzida como frustração do desejo até que as emoções não analisadas se esgotem por si só e o animal seja queimado e domado, a fim de que as vibrações corretas se manifestem.
Os símbolos animais ligados à calcinatio são o leão e o lobo, simbolicamente associados a paixão, à voracidade e ao orgulho. Num estado puro, tais animais não são maus, mas intelectualizados e não mentalmente avaliados encobrem uma serie de outros motivos que não queremos ver, ou quando muito nos passam sem serem percebidos . O animal que destroça tudo o que há em seu caminho é a própria imagem simbólica das emoções evidenciadas.
É importante que se compreenda que as emoções não são prejudiciais a alquimia, mas precisam ser transformadas para que a “as suas fontes sejam encontradas” e deixem de existir algumas sub verdades emocionais.
Algumas ilustrações alquímicas mostram o momento de calcinatio como sendo um leão com as patas cortadas. É a própria imagem do desejo do ego, que está sempre voraz, sempre ansioso, como ficaria qualquer pessoa em um deserto ao meio-dia. As patas cortadas revelam a frustração deliberada do desejo, ou significa colocar-se em modulo de stand by em pleno pico emocional, pois o leão não pode atacar sem patas.Tal frustração do desejo não esta fundamentada nos dogmas morais convencionais nem tampouco em valores maniqueístas.
Aqui a frustração é o movimento doloroso porem compassivo para o processo de transformação do chumbo em ouro. O que se reflete na calcinatio não é repressão ou a condenação moral: é o sacrifício voluntário de um desejo para que algo novo possa emergir.
Uma modificação radical na aparência, ou algo que desestruture a antiga forma à qual estávamos apegados. As verdadeiras lágrimas de tristeza são também consideradas de imenso passo neste trabalho.
É sabido que a simples situação de viver já é, por si só,uma opus alquímica. Na própria vida ordinária podemos ver o movimento de calcinatio em uma experiência de amor frustrado. Não há nada mais doloroso e nada mais frustrante e caustico do que o amor negado. Quando não podemos ter alguém que amamos, geralmente sentimos raiva ( a voracidade do lobo e do leão), e logo depois uma autopiedade e autocomiseração exacerbadas. A imagem alquímica é a do material que entra em ebulição (raiva) e então se evapora. O evaporar representa o momento em que as emoções se rendem e se dissipam, o que é inevitável, uma vez que, por mais teimosia que tenha um indivíduo, chega-se a um ponto em que a tristeza não pode mais ser retida, e ela se esvai naturalmente. A partir do esvaziamento podemos olhar para nós mesmos com os olhos da verdade e descobrir a trajetória que tomamos e compara-las com momentos anteriores. Podemos chegar a perceber que a coisa deu-se a partir de um determinado instante com uma certa constancia das vezes anteriores, daí devemos empreender ainda maior esforço para ter a ideia da padronagem da qual nos travestimos quando em enlaces amorosos.
A experiência de calcinatio pode ser fatal para pessoas de psiquismo fraco. Mas se observarmos a grande potencialidade criativa manifestada neste momento de extrema dor, se permitindo sentir a raiva e a frustração sem projeta-la nos outros, suportando isto até que comece a evaporar e aí consigamos ver os reais motivos que nos remeteram a tal sentimento, a experiência pode se tornar um fantástico “Modelador” de um forte senso de identidade pessoal. Pessoas que nunca passaram por esta experiência, ou que viveram mas falharam no momento da queima, projetando o calor para fora e atribuindo a culpa aos outros, são escravas do lobo e do leão, são por estes animais possuídas, e manifestam uma destrutividade incompreensível, vitimadas sempre pelas mesmas forças, repetindo de novo e de novo as mesmas historias em suas vidas.
Para Jung, Marte é o lobo,o principio sulfuroso da prima matéria, nesta caso do sentimento bruto, assim como o leão. Ambos os animais são representações primitivas da mesma energia que se transforma, no final do processo, no Rei renovado. A imagem do rei renovado é indestrutível, inabalável, e paira acima de todas as coisas, e pode também ser representada pela águia, que voa alto e consegue encarar o sol. um rei não pode ser machucado.O desejo daquele determinado estado de coisas com o tempo se transforma em novas experiências.
Ao contrario do que se pensa os neurônios não são células imóveis, os locais de processamento emocionais formam-se com o tempo, de acordo com a experiência do sujeito. As constantes negações nos momentos de picos emocionais, fazem com que a informação necessite ser processada de uma nova forma. E para tal, os neurônios movem seus dendritos rearrumando o centro de processamento, mudando a modelagem do tratamento da informação, forçando o hipotálamo a sintetizar novos tipos de peptídeos em resposta aquele estado emocional.
A ideia é a do incêndio psíquico que se segue a um estado de apaixonamento frustrante, quando bem trabalhado, pode ser o ponto base para que comecemos a neutralizar nossos vícios por um determinado e repetitivo estado psíquico que na maior parte das vezes só nos é prejudicial.
2 - Solutio.
O segundo dos quatro estágios alquímico denominado solutio este intimamente ligado à morte e a transformação. Na obra alquímica a matéria prima é colocada em um alambique e então diluída em água. O material então se rompe, se desintegra, perdendo sua forma particular e torna-se fluido.
Quando nos propomos a romper como nossa padronagem, forçamos que os centros de processamento emocional se modifiquem, colocamos os neurônios que compõem este centro novamente em movimento, modificando suas conexões e forçando-os a novos abraços mágicos, ou seja , em um nova configuração para o ajuste natural ao processamento de uma maneira diferente as antigas emoções. Com isso forçamos a nós mesmos a criação de novos padrões, e desta forma reformulamos também nossa condição egóica.
Podemos então considerar a solutio como um processo de perda de sentido dos limites do ego, uma experiência de rendição. Quando acontece o inicio do processo de reestruturação dos enlaces de tratamento emocionais.
Na vida a solutio é muito simples de ser identificada nas experiências do envolvimento romântico: nossos limites particulares se fundem nas águas do romance e deixamos de ser dois para nos tornar um. Existe uma ampliação do ego individual. Faço este conhecido na física como expansão de campo. Denomina-se de campo a área de atuação eletromagnética de uma partícula
Enquanto que na calcinatio temos a experiência do amor frustrado, na solutio temos a vivência do amor romântico a um tal ponto que se perde quase que totalmente o sentido de si mesmo. Tornamos fundidos com o outro, nossa alma “sai de nós” e se funde na do outro, criando uma unidade “ourobórica”. O ouroborus é a imagem da serpente que devora a sí mesma, e traduz a imagem do paraíso. Viver em ouroborus é viver no paraíso, experimentar situações doces, românticas, suaves, aprazíveis.
Experiências místicas espelham também o estado de solutio. Como se fosse uma leve embriagues, um momento em que a nossa mente tem os primeiros lampejos de integração com o Todo.
O problema é que a Solutio é sempre bela de início, mas é também uma grande armadilha, porque com o tempo percebe-se que se perdeu o controle da própria vida. Há considerável medo ligado a este estágio da Opus. Para a pessoa de personalidade fraca, que nunca se tornou realmente independente, a solutio é tida como “maravilhosa”, porque a grande fantasia de tal individuo é ser moldado por uma força exterior – no caso, o parceiro(a), ou o mestre, ou algum Deus. Trata-se de uma manifestação inconsciente do desejo de morrer, de voltar ao útero, o desejo de repousar no lago amniótico do ventre materno. Alguns estados psicóticos revelam uma eterna solutio, tais como formas de autismo em que não se percebe nenhum ego. Viciados em drogas e alcoólatras são também seres imersos em uma perpétua solutio, ou vivem em uma busca alucinada por estados fugazes que o remetam mais próximo o possível do paraíso.
A experiência romântica é, definitivamente a imagem da solutio traduzida na vida: achamos que aquela é a pessoa de nossa vida, que a conhecemos de outras encarnações e etc. Mas isso tem pouco haver com o relacionamento. Trata-se de uma experiência do inconsciente, projetiva e, portanto fantasiosa, onde vestimos sobre o próximo a roupa de nosso Deus. O problema é que esta experiência, como tudo, passa.
Uma das mais poderosas imagens alquímicas da solutio é a do afogamento. O velho Rei, que representa as formas envelhecidas e primitivas do ego, precisa se afogar para então renascer. Há um gravura que mostra o Velho Rei se afogando batendo os braços pedindo socorro. Mas o alquimista, na margem, deixa que ele se afogue, o que de certa forma demonstra que o processo envolve uma ação consciente. A solutio não envolve pura e simplesmente o “deixa afogar” – há também a participação de uma parte de nós que observa e reflete. Tudo o que é velho rígido ou estranho deve ser afogado no mar, para que seja renovado. Amar outra pessoa é, de certa forma, morrer para um estado anterior de “ser”,para tornar-se outra coisa renovada.
As fobias em geral têm muito a ver com a solutio, e se manifestam nas pessoas que resistem a este tipo de experiência, pessoas de natureza mais intelectualizada e mesmo rígida. Alguém com uma natureza assim vive a solutio como uma experiência terrivelmente assustadora, e termina criando temores que aparentemente nada tem a ver com o processo: Medo de ladrões, medo de aranhas, claustrofobia, etc. É o velho Rei abanando os braços, desesperado.
O propósito da solutio é liberar a nova vida. O vencer as crises de abstinência deixadas pelo velhos padrões. Afinal o corpo inteiro esta viciado, não só a mente, é necessário o esforço para libertar o ser das coisas velhas e rígidas. A prima matéria fica livre das impurezas, de modo que termina sendo possível ver o ouro. Mas é vital ter em mente de que esta “União“ intensa gerada pelo processo não é o objetivo da obra alquímica. O objetivo é o lápis a “pedra filosofal”, a identidade definida, o sentido de self. Não existe a união total com a outra pessoa, a não ser no útero materno, o que também é uma situação temporária, definitivamente corrigida pelo processo natural do parto, muito embora no momento da solutio a maioria de nós tenha a impressão ilusória da eternidade de tal experiência, e a ruptura deste estado é sempre dolorosa.
3 - Coagulatio.
Após todo o processo de queima e de dissolução, novas formas de processamento emocional surgem por meio da recapacitação centros de processamento, daí dizer-se na alquimia que os líquidos começam a ficar sólidos.
Neste estágio da opus alquímica, as substâncias se solidificam ,ou seja : as energias começam a serem direcionadas para o que realmente vale a pena, passamos então a vislumbrar a manipulação de nosso universo e o que era potencialidade criativa passa a se transformar em algo prático, palpável. Psicologicamente, o coagulatio representa o processo de encarnação.
As imagens da coagulatio envolvem dinheiro, alimento e prazeres sensuais, assim como as tradicionais associações com o pecado, a carnalidade, a expulsão do paraíso. Materializar qualquer coisa é sempre uma tarefa dúbia: é ao mesmo tempo satisfatório mais também frustrante, uma vez que nada no material é como parecia no reino da imaginação. A partir do momento em que se materializa alguma coisa, corta-se a potencialidade desta coisa. O que está materializado não mais apresenta ilimitadas potencialidades. Afinal, cristalizou, ou no jargão da física quântica, colapsou. Uma das imagens simbólicas mais associadas a este processo é o da crucificação.
O sentido da restrição é esperado no processo de coagulatio, uma vez que a definição das formas faz exatamente isto: restringe. Enquanto que na solutio temos um sentimento de dissolução dos limites do ego, na coagulatio ocorre o processo de estruturação de uma identidade.
A coagulatio pode tanto seguir-se a uma solutio como a uma calcinatio. Representa então o processo de estruturação da identidade que se segue às dores da água ou as dores do fogo. Como o próprio nome diz, a idéia é coagular – o natural confronto com a realidade que se segue a uma experiência romântica ou mística (solutio), a redefinição do ego-identidade que se segue a uma frustração intensa (calcinatio). Mas a coagulatio também pode vir antes de uma de uma solutio ou de uma calcinatio, uma vez que muitas vezes é necessário antes desestruturar o que se encontra demasiadamente sólido.
Isso é evidente em fases da vida da maioria dos seres humanos. Aos 29 anos, passamos por um ponto de estruturação tão intenso que chega a ser conhecido nas rodas esotéricas como o “retorno de Saturno”, que coagula e define nossa identidade de uma forma muito intensa, pesada. Nesta etapa da vida as tendências repetitivas e demais neuroses se encontram bem cristalizadas, por volta dos 40 anos temos experiências transpessoais que nos abrem a visão para uma série de novas realidades antes desconhecidas. Mas eu devida a estruturação alcançada pelos centros de processamento e dependência orgânica acentuada podemos apenas interpretar esta experiências como total loucura, e muitas vezes estamos fadados a não da-las mínima atenção. O ego aqui tenta proteger seu solo conhecido, tentando nos fechar os olhos para existência de outras tendências e realidades.
A coagulatio representa um estágio do processo terapêutico que tanto o paciente quanto o terapeuta esperam, depois de sofrer de um mal por muito tempo, resolve fazer algo a respeito,ou seja ,o momento de por o discernimento em ação.. Compramos ou vendemos uma casa, terminamos um relacionamento destrutivo, abandonamos um emprego insatisfatório e etc. É o momento que se assume responsabilidade por si mesmo e tomam-se decisões.
Para muitas pessoas este é um momento muitíssimo doloroso, porque representa a morte do estado irresponsável do “puer aeternus” (eterna criança), que não assume compromisso algum. Os motivos oníricos associados a este processo são também muito elucidativos: sonhamos com construção, reformas de casas, com o ato de comer e vomitar. Um sonho muito comum neste processo é quando a pessoa se vê nua no meio das outras, o que de certa forma revela que ela não desenvolveu uma relação muita definida com as questões estabilização, integração, materialização internas, focando apenas os fatores externos a si.
Sonhos com fezes referem-se muito ao processo de coagulatio e são muito importantes, Freud atribuiu grande importância as fezes : porque elas representam a primeira coisa que a criança faz sozinha, sem a ajuda da mãe.Por esta razão os textos alquímicos fazem uma associação muito próxima entre ouro e as fezes: a individualidade cristaliza-se no aqui e no agora da vida material.O ouro alquímico é encontrado na vida, e não nos mundos transcendentais.
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