quinta-feira, 6 de julho de 2017

O prelado do medo



A idéia do antropocentrismo nunca esteve tão perdida como na atualidade. O termo que designa a centralização do ser humano em relação ao restante do universo faz parte de algumas linhas de pensamento filosófico e crenças religiosas. Esse ideal localiza espacialmente o núcleo de todo o espaço, sendo esse reservado ao próprio indivíduo, o qual tem o poder de decisão, e assim sendo, a autoridade de modificar seu entorno.
            Nesta reflexão não se intui a idéia de discorrer sobre o conceito e discussões acerca do antropocentrismo, mas trazer à tona uma visão atual sobre esse paradigma presente há séculos em nossa sociedade e que aflorou nas últimas décadas simploriamente como um hábito de vida. Veementemente observa-se que as redes sociais chegaram para modificar os processos de comunicação entre as pessoas, seja por meio de fotos, vídeos, áudios ou mensagens escritas.
            A ampliação da comunicação possibilitou um aumento exorbitante na rede de amizades e contatos antes isolados geograficamente, abrindo portas para novos relacionamentos e vinculação com outras culturas e sociedades.
            Nesse mesmo ponto, as redes sociais deveriam tornar-se abrigo para a ocorrência do antropocentrismo em sua essência, ou seja, por mais que o conceito de rede de contatos e globalização das idéias ganhe notoriedade na internet, o próprio indivíduo deveria tornar-se mais cônscio de sua mobilidade e potencial da mudança que ele por meio da globalização pode provocar.
            Nesse sentido, se observa que do mesmo modo que a interações humanas neste século tornaram-se improdutivas e maléficas, alguns passos foram dados para a superficialidade das relações, principalmente na abrupta necessidade de engrandecer seu próprio ego, sem medir esforços ou restrições para tal façanha. E nesta sanha de imposições de pontos de vistas e o medo do confrontamento intelectual, começamos a erguer barreiras na falsidade intelectual espalhando a cultura irrestrita do medo.
            Este tornou-se presente a cada passo de nossa existência, a instabilidade política a insegurança local e internacional, medos de doenças, das medidas tomadas contra elas. Medo do futuro, simplesmente o medo pelo medo. A sociedade medrosa tornou-se uma doente crônica, expandindo este malefício a todos os cidadãos.
            Como zumbis que inexoravelmente vagam em busca de comida, os seres adoentados vivem vibrando e criando as mesmas condições nas quais já estão imersos. Nesta situação poucos  são aqueles que conseguem manter os narizes fora da poça de destruição e ainda conseguem assim trazer alguma pouca esperança de recuperação da humanidade.
            A promoção de nosso inimigo intimo que se esconde nas tantas facetas dos medos acabou virando uma metanóia, um culto assombroso, nos arrastando pelas plagas da religiosidade cega, delegando alhures poderes que são apenas nossos, forçando-nos a nos relegar ao plano de meros "macacos falantes".
            Ou a humanidade supera esta supervalorização do medo, ou com certeza ele se apossará de nosso egos e fará deste mundo um horror de expiações, dores e lagrimas bem mais acentuado do  que hoje já experimentamos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário