quarta-feira, 12 de julho de 2017

Baphomet




As origens do nome Baphomet ainda não estão claras o bastante para se afirmar qual delas seja a correta, sabe-se que o nome já apareceria nos julgamentos aos quais os Cavaleiros Templários foram submetidos antes de sua execução, foram eles acusados dos mais variados crimes, entre eles heresia , sodomia e muitas outras praticas, entre elas a de adorar um ídolo identificado como
Baphomet. Ele poderia ser uma cabeça Humana, um ídolo com crânio humano, um homem com cabeça e pernas de bode entre outras formas.
Existem numerosas possibilidades abordadas por diversos autores e pesquisadores sobre as origens do nome dado a esta figura milenar, que vem sendo cultuada nas suas mais diversas formas através dos séculos, as vezes abertamente, outras vezes envolto no mais espesso véu e silencio:

Uma das possibilidades abordadas é a de que o nome Baphomet seja uma corruptela do nome Mahomet (Mohamed). O que por diversos motivos se tornou improvável.
Outra delas apresentada pelo famoso ocultista francês Eliphas Levi (Alphonse Louis Constant - 1810/1875) é a de que o nome Baphomet seja uma composição reversa das abreviações Tem. Oph. Ab. valendo para o latim: "Templi Omnium Hominum Pacis Abbas" , traduzido como: (O deus) do Templo da paz entre os homens, que ele acreditava ser uma referencia ao Templo de Salomão. Foi Levi quem desenhou o nosso tão conhecido Bode de Mendes, que ele considerava ser uma descrição do Absoluto em forma simbólica. Levi pode ter inspirado a sua ilustração em um gargola localizado em uma construção medieval (Commandry de Saint Bris Le Vineux) localizado na França e de propriedade do Cavaleiros Templários, ou em uma pintura do artista Espanhol Francisco Goya intitulada de "O Sabbá das Bruxas" onde um grupo de mulheres oferece infantes mortos a um bode sentado.
Nota-se que Eliphas Levi também foi o primeiro a atribuir conotações ao pentagrama como símbolo do bem ou do mal, de acordo com a orientação de suas pontas. Na idade média o pentagrama com duas pontas para cima era utilizado para simbolizar o inverno e com apenas uma ponta simbolizava o verão. O pentagrama é o verdadeiro pentaculo de Pitágoras chamado Pentagonas - cinco ângulos. O Pentágono ao centro era uma casa, sendo então correta a sua disposição com as duas pontas para cima. Ainda hoje varias ordens iniciaticas sérias utilizam esta forma e com certeza não a consideram como um símbolo do mal.
Existe ainda outra possibilidade, a de que o nome seja uma combinação de duas palavras gregas Baphe e Metis o que se traduziria como "absorção de sabedoria" ou  "imersão em sabedoria", neste caso possuindo quase certa relação com ritos de iniciação como o batismo.
Observa-se também uma versão ainda mais antiga da palavra com origem Babilônia: Bahu-Mid. O que não pode ser facilmente posto a prova nem levado em consideração sendo sua fonte um tanto obscura. Bahu significaria "as águas" ou "fonte", e Mid significa "dez", nos deixando uma forte impressão cabalística.
Uma das razões pela qual Baphomet também foi chamado Bode de Mendes é o fato de que no Egito havia na cidade de Mendes (grego Mendesius, nome dado ao baixo Egito nos anos pre-cristões)o culto ao Deus Amon ou Ammon, o vivente espírito de Ra, Amon Ra, que possuía cabeça de carneiro. O altar de Amon era em Pa-Bi-Neb-Tat ou Ba-Neb-Tettu, que era chamada de Benidi nas inscrições Assírias:
os gregos a chamavam de Bendes assim Mendes a partir de Mendesius. O erro nos nomes serviu bem a todos e foi mantido. Nos tempos Ptolemaicos Mendes era famosa por seu culto ao Deus-Bode que dizia-se copular com mulheres em seus festivais religiosos, tradição esta muito parecida com alguns cultos espalhados pela Europa. De acordo com E.A. Wallis Budge, em seu Deuses dos Egípcios: o título Ba-Neb-Tettu poderia significar "Alma, O Senhor Tettu", e este era o nome em Mendes para a forma local de Khnemu que era simbolizado por um carneiro. Ele era considerado como principio masculino em deuses e homens, e era chamado "Rei do Sul e do Norte, o Carneiro, o  macho viril, o santo phallus que acendia as paixões do amor." Até hoje pode-se ver interpretações de Baphomet com cabeça de carneiro em vez da de bode.
Dr. Hugh Schonfield um dos eruditos que trabalhou com os Pergaminhos do Mar Morto acreditava que na Palavra Baphomet teria sido aplicado o sistema do "Atbash Cipher". Um código Hebreu onde se substituía a primeira letra do alfabeto pela ultima, a segunda pela penúltima e assim por diante. Quando este código é aplicado a palavra Baphomet temos a palavra Grega Sophia que pode ser traduzida como Sabedoria. Aqui é trazida em consideração a Deusa Grega da sabedoria Sophia.
Em 500 a.c. escribas trabalhando no Livro de Jeremiah utilizaram o que nós agora conhecemos como "Atbash Cipher" ou código de Atbash. O código é um dos poucos utilizados na língua Hebraica, e segue o mesmo sistema dos códigos de substituição, onde cada letra de um dado alfabeto atualmente significaria uma outra. No caso do Atbash trocamos a primeira letra pela ultima, a segunda pela penúltima e por ai vai: A por Z - B por X,... Schonfield se interessou pelas acusações feitas aos Cavaleiros Templários e pela Etimologia da palavra
Baphomet. Ele então aplicou o código a palavra crendo que os Templários não só o conheciam, como também o utilizavam.
Assim ficaria a palavra Baphomet se escrito em Hebraico,lembrando-se que na Língua Hebraica escreve-se da direita para a esquerda, mais aqui colocaremos da forma normal:
(normal para nós!!!: )

Baphomet: Beth - Phe - Vav - Mem - Tav.
Sohpia     : Shin - Vav - Phe - Yod - Aleph.

Mesmo escrito em Hebraico, lê-se a palavra Grega Sophia! Sophia não é apenas a Deusa Grega da Sabedoria das tradições Hellenicas e Pitagorianas associada a Gnose; Sophia Também é A Deusa e Noiva de Deus, que aparecia no antigo testamento e que depois seria substituída por Maria." Nota-se que Mary, Maria, Mar, é associada com água, assim como na palavra Babilônica/Hebraica Bahu "As Águas" e Miriam.
Especula-se que os Templários eram seguidores de Sophia,e que possam ter almejado restabelecer o aspecto feminino a Divindade, aspecto este que foi extirpado pela igreja. Deve-se lembrar que seu patrono St. Bernard de Clairvaux tinha verdadeira obsessão por Maria e é mantido responsável por ela ser chamada "Rainha do Céu" e "Mãe de Deus". Hoje em dia Maria é considerada a mãe de Deus no Catolicismo. Mesmo que os Templários tenham sido devotos da Deusa ou apenas veneradores da sabedoria oculta não existe duvida que a teoria do Atbash Cipher seja uma das mais plausiveis.
O estudo de Schonfield, e o que foi demonstrado por ele quando aplicado talvez seja uma das melhores explicações do significado do nome Baphomet - note que todas as explanações conduzem no fim ao mesmo significado, ao mesmo sentido interior. O que chama atenção neste caso é que Schonfield encontrou justamente a palavra Sophia e não uma outra qualquer como "Guerra" ou "Amor". Onde Chegamos? Sophia é Shekina. Sophia é Sabedoria. Seria Baphe-Metis uma iniciação a Sabedoria. Seria Baphe algum tipo de distorção para a palavra Bahu? Água e Espírito (Kundalini) são Bahu e Shekina. Mesmo que utilizemos a forma Árabe (que vem a seguir) teremos o mesmo sentido interior.
Idries Shah, em seu livro: Os Sufis nos dá outra explanação sobre o nome Baphomet, sugerido que este seja uma corruptela do árabe abufihamat (pronuncia-se ''bufihimat''), que seria "Fonte [Pai do] entendimento". "Nota-se que muitas tradições consideram a Mãe como sendo a Fonte e não o Pai. Sabe-se que a "Fonte de Entendimento" sempre foi relacionado as aguas da vida,ou Bahu, e a Kundalini ascendendo no interior. A seguinte frase é atribuída a Jesus : Devo falar a Nicodemus, que um deve ser nascido da Água e não apenas do Espírito.
Aqui está Água e Espírito - Em Hebreu é Bahu e Shekina! Bahu quer dizer "As Águas" (o Demiurgo).
Deuses com as características de Baphomet vem sendo adorados e cultuados desde tempo imemorial nas mais variadas culturas, mas sempre envolto nas mais espessas sombras. Estes Deuses são símbolos do que existe de mais interior e intimo na natureza e nos próprios homens, a vontade cega e incontrolável, a sede de sobrevivência e o impulso de procriação que finalmente termina em morte silenciosa. O ciclo de existência na sua mais franca manifestação. Cernnunnos, o Deus de Chifres dos Celtas, Dionísio, Amom. O grande Deus Pan, Pangenitor, Panphage.Baphomet é o deus auto suficiente que cria a si mesmo, e
que se observa sob a luz que traz sobre a fronte, seu terceiro olho inflamado, ardente, refletindo as imagens dos mistério contemplados e revelados. Entende-se por si só, e vive com toda a fúria da existência para depois desfazer-se e apodrecer, e deste apodrecimento renascer no dia seguinte ainda mais belo e obstinado. Deleita-se na vida ou na morte, ou melhor, para ele ambas são uma ou não existem ao todo. É o Ermitão carregando sua própria luz, com a chamada da eterna juventude ardendo em suas entranhas, como Pan, Dionísio ou Bacchus sempre disposto a saudar a vida com êxtase e luxúria. É o sol das brilhantes manhãs de verão. Mas em sua forma oposta existem forças secretas e incontroláveis, a explosão geradora, a encarnação do invisível, a manifestação do Caos primeval. Os desertos secos e mortais escondendo as águas da vida em profundos lençóis. A primeira neve do inverno vindouro e as nuvens tempestuosas que teimam em ofuscar o Sol. Mergulhado desta forma no mar escuro da sabedoria e do entendimento, ele espreita pronto a fecundar todas as coisas com seu fervor incontrolável.
A alegoria do bode nos é conhecida desde tempos remotos, trazendo sempre o simbolismo de fertilidade masculina, e da força criadora. Na antiga ciência da Astrologia que foi a priori desenvolvida pelos Babilônios vemos o signo de Capricórnio (22 Dez - 20 Jan). Capricórnio seria uma combinação de ambos um Bode e um Peixe, e de acordo com J.E. Cirlot em seu Dictionary of Symbols este aspecto dual se refere a dupla tendência da vida de se dirigir para o Abismo (ou água) o "Caos do começo dos tempos", e para as alturas ou Montanhas (a terra) a "Ordem", Malkuth.
No hemisfério norte Capricórnio rege o retorno do Sol da escuridão do Solstício de Inverno, neste signo ele começa a sua ascensão em direção ao equinócio de Primavera.
Os Chifres possuem claro simbolismo fálico, sendo também apreciado como fonte de fartura inesgotável: Cornucopia.
O que pode facilmente ser levando em consideração visto a estrutura física do chifre, fálico e oco, o que nos proporciona um complexo simbolismo que deverá ser alvo de estudo dos verdadeiros buscadores. Ainda assim é fácil compreender a razão de  o chifre ser utilizado como uma alegoria de abundância. Ainda de acordo com J.E. Cirlot: "Na mitologia, foi o bode Almathea que alimentou com leite o infante Júpiter, o chifre possui conotação de força, mas ainda assim o bode tem implicações maternas.
Pan e Dionísio eram deuses masculinos, e vemos o bode como um animal em termos masculinos, enquanto ele realmente representa ambos, pois os dois sexos possuem chifres. O bode macho é identificado unicamente pela Barba."
Os Deuses-Bode Pan e Dionísio representavam a Floresta e a Natureza incontrolável: Luxúria no caso de Pan e Bebida e Fertilidade no Caso de Dionísio. Ainda Hoje um Homem de idade com atitudes luxuriosas é chamado de "Bode Velho".
Pan é representado como sendo meio Humano, meio bode com chifres, e foi mais tarde utilizado pela a igreja para representar o Diabo.
Na figura de Baphomet desenhada por Eliphas Levi temos:
Uma figura panteística e mágica do absoluto, possuidora de chifres entre os quais existe um facho representando a inteligência equilibrante. Sua cabeça é de bode reunindo alguns caracteres do cão, do Touro e do Asno. Suas mãos são humanas representando a santidade do trabalho, a direita aponta para cima e a esquerda para baixo. Ambas fazem o sinal do esoterismo recomendando o mistério aos iniciados.
Existem duas crescentes, uma em branco acima e outra negra abaixo, sugerindo a relação entre o bem e o mal. Um véu cobre a parte baixa do corpo onde observa-se o Caduceu de Hermes ou Mercúrio. O ventre é coberto de escamas, uma clara alegoria(peixe - água). Possui Seios e nítidas nuances femininas percebidas na suavidade de suas formas. Em sua fronte esta o pentagrama com uma ponta para cima simbolizando a inteligência Humana.
Chegamos a conclusão de que o nome Baphomet, e as entidades que poderiam ser assim chamadas ainda guardam para si seus grandes mistérios e origens. Devido talvez a milenia de opressão e ignorância.
Este curto texto tem o intuito de despertar a curiosidade do verdadeiro buscador e incentivar a abertura a novos caminhos, pois só assim poderemos ver um dia, esta e outras incontáveis incógnitas trazidas a luz do entendimento para que possamos nos banhar no mar da Sabedoria.

"Ouça! Meu Amado! Aqui vem Ele, saltando sobre as montanhas, pulando as colinas. Meu amado é como a gazela ou o jovem Bode Selvagem."

"Meu amado é meu e eu sou dele; Ele se delicia entre os lírios. Enquanto o dia é fresco e as sombras se desfazem, vire-se meu amado e mostre-se uma gazela ou jovem bode selvagem nas colinas onde a canela cresce."

"Quão bela tu és minha adorada, quão bela! Seus olhos através do véu são como pombas, seu cabelo como uma manada de Bodes descendo o Monte Gilead."
(Salomon`s Song of Songs)
O Cantigo dos Cantigos .

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