quarta-feira, 21 de junho de 2017

Nossas Mudanças



         Estamos enganando a nós mesmos quando tentamos aprisionar a vida e imobilizá-la no seu estado de permanência. Também podemos tentar agarrar o vento com uma peneira. Isso porque a vida é movimento.
            O que vemos hoje já está em processo de morte. Vivemos no sonho de ontem que se tornou manifesto e amanhã veremos os resultados daquilo que sonhamos hoje. Não importa quanto possamos manipular, medir e analisar, a vida continua de modo maravilhoso, aterradoramente misteriosa.
            Sem dúvida, resistir à mudança é muito humano. A resistência teimosa, a ponto de dizer: "Eu já tomei a minha decisão, não me confunda com novidades" está fundamentada no medo do desconhecido e tem causado muito sofrimento, tanto pessoal como coletivo. Travam-se verdadeiras guerras em todas as áreas da vida humana quando as crenças do passado são desafiadas por mudanças no presente.
            Temos toda uma história de eliminação dos mensageiros da mudança. Não gostamos que nossos mitos sejam desafiados, abominamos que nossos padrões sejam questionados, e normalmente nos aborrecemos quando não conseguimos sustentá-los em alguma conversa, nos exasperando com nosso interlocutor como se ele fosse algum algoz de nossas verdades. Contudo, inovadores em todas as áreas da realização humana, científica, educacional, política, religiosa, têm vivido em sincronia com o mistério da mudança. Eles observam aquilo que existe e perguntam em que pode se transformar, como podemos encarar com novos olhos os velhos conceitos. Infelizmente, a resistência à mudança que eles anunciam muitas vezes resulta em serem ignorados, ridicularizados e até mesmo eliminados, quando não tomados como inimigos, apenas para ressurgirem da infâmia anos mais tarde e se tornarem os heróis de novas lendas. E assim o processo se reinicia.



            Sempre que construímos uma cidadela para defender uma verdade aceita, em vez de deixá-la em aberto para averiguação posterior, cristalizamos a vida no dogma.
            Porém, quando pensamos que já temos tudo delineado, a evolução dá um passo adiante, abre as portas e janelas, e toda a poeira do passado é sacudida e somos obrigados a mudar mais uma vez.
            Entrementes, lidamos com o presente, descobrindo com freqüência dentro de nós mesmos capacidades nunca imaginadas de coragem e resistência. Século após século, os seres humanos se recuperam dos sonhos desfeitos e procedem à reconstrução.
            Persistimos, dando três passos para a frente e dois para trás, através da lenta e excruciante disciplina da experiência. Somos impulsionados em direção a uma perfeição maior com a mesma certeza com que o sol faz rebentar a vida na semente posicionada na direção de sua luz. Somos impelidos pela promessa de um potencial ainda não realizado.
            Para aqueles que temem a mudança, a evolução é inimiga. Mas para aqueles que respondem conscientemente ao ritmo constante da evolução, é a essência da vida convocando-nos a nos tornar tudo aquilo que podemos ser. Ela estimula nossos desejos. Ela nos torna descontentes com a injustiça, a doença, a poluição e a guerra. Ela planta em nossos corações uma certeza de que a vida não precisa ser como é.

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