Estamos enganando a nós mesmos
quando tentamos aprisionar a vida e imobilizá-la no seu estado de permanência.
Também podemos tentar agarrar o vento com uma peneira. Isso porque a vida é
movimento.
O
que vemos hoje já está em processo de morte. Vivemos no sonho de ontem que se
tornou manifesto e amanhã veremos os resultados daquilo que sonhamos hoje. Não
importa quanto possamos manipular, medir e analisar, a vida continua de modo
maravilhoso, aterradoramente misteriosa.
Sem
dúvida, resistir à mudança é muito humano. A resistência teimosa, a ponto de
dizer: "Eu já tomei a minha decisão, não me confunda com novidades"
está fundamentada no medo do desconhecido e tem causado muito sofrimento, tanto
pessoal como coletivo. Travam-se verdadeiras guerras em todas as áreas da vida humana
quando as crenças do passado são desafiadas por mudanças no presente.
Temos
toda uma história de eliminação dos mensageiros da mudança. Não gostamos que
nossos mitos sejam desafiados, abominamos que nossos padrões sejam
questionados, e normalmente nos aborrecemos quando não conseguimos sustentá-los
em alguma conversa, nos exasperando com nosso interlocutor como se ele fosse
algum algoz de nossas verdades. Contudo, inovadores em todas as áreas da realização
humana, científica, educacional, política, religiosa, têm vivido em sincronia
com o mistério da mudança. Eles observam aquilo que existe e perguntam em que
pode se transformar, como podemos encarar com novos olhos os velhos conceitos.
Infelizmente, a resistência à mudança que eles anunciam muitas vezes resulta em
serem ignorados, ridicularizados e até mesmo eliminados, quando não tomados
como inimigos, apenas para ressurgirem da infâmia anos mais tarde e se tornarem
os heróis de novas lendas. E assim o processo se reinicia.
Sempre
que construímos uma cidadela para defender uma verdade aceita, em vez de
deixá-la em aberto para averiguação posterior, cristalizamos a vida no dogma.
Porém,
quando pensamos que já temos tudo delineado, a evolução dá um passo adiante,
abre as portas e janelas, e toda a poeira do passado é sacudida e somos obrigados
a mudar mais uma vez.
Entrementes,
lidamos com o presente, descobrindo com freqüência dentro de nós mesmos
capacidades nunca imaginadas de coragem e resistência. Século após século, os
seres humanos se recuperam dos sonhos desfeitos e procedem à reconstrução.
Persistimos,
dando três passos para a frente e dois para trás, através da lenta e excruciante
disciplina da experiência. Somos impulsionados em direção a uma perfeição maior
com a mesma certeza com que o sol faz rebentar a vida na semente posicionada na
direção de sua luz. Somos impelidos pela promessa de um potencial ainda não
realizado.
Para
aqueles que temem a mudança, a evolução é inimiga. Mas para aqueles que
respondem conscientemente ao ritmo constante da evolução, é a essência da vida convocando-nos
a nos tornar tudo aquilo que podemos ser. Ela estimula nossos desejos. Ela nos
torna descontentes com a injustiça, a doença, a poluição e a guerra. Ela planta
em nossos corações uma certeza de que a vida não precisa ser como é.
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