A passagem
do estado animalizado para graus de consciência mais elevados, sempre é para
todo e qualquer ser humano um período de complexas mudanças. Coisas que antes
lhe chamavam a atenção ou situações que o perturbavam completamente, agora
deixam-no vazio ou sem inspiração. As coisas parecem ter perdido seu
significado usual.
Antes destes períodos, a consciência imersa
nos medos deixa-se levar pelos impulsos do ego, aceitando deste os impulsos e tornando-se
quase que inativa. Esta inversão de valores é descrita em todas as tradições
místicas e religiosas e quase sempre traduzida pelo arquétipo da queda.
Não
estou aqui a apregoar que o EGO seja o grande vilão da história, só que
convivendo sem censura e apoiado por seu primo-irmão medo, ele torna-se por
demais ávido por uma reafirmação
constante. Esse medo profundo e a necessidade de validação externa podem ficar
muito tempo escondidos como o verdadeiro motivo de muitas de nossas ações. Toda
nossa vida pode ser construída em cima disto, sem que você tenha a mínima ideia
disso.
Apenas
sentimos a vida se emaranhar em uma cascata de situações, amores perdidos e
sonhos desfeitos. Ou quando muito, vemos nossas vidas paradas em situações tão
distorcidas que não conseguimos ver nelas nada daquilo que almejamos um dia em
nossas existências.
O
mundo é um espelho e não um campo de batalha como acha o ego eclipsado pelo
medo. A resposta dele sempre soará tal e qual a ultima nota emitida por sua
própria vibração. Se a nota tocada é a da não realização toda a sonata também
soará por aí. Esta sinfonia funciona mais ou menos assim :
“Sua
consciência vibra amor, esta mensagem é recebida por aquele que é o responsável
por dar destinação, fazer a escolha do próximo frame do filme de sua vida, para
que a vontade da consciência e o aprendizado inerente da mesma se cumpra, e
este alguém é o ego. Quando eclipsado pelo medo, faz a escolha errônea de um
tipo de relacionamento que tem todos os pontos para dar errado. Porque o amor
se transforma simplesmente na condição de posse e perda daquilo que se
pretende.”
O
exemplo acima, não é valido tão somente na condição de relacionamentos , ele se
encaixa em todas as áreas de existência, tal como o não despertar de faculdades
necessárias para o desenvolvimento de algum dom artístico por exemplo.
O
pleno exercício do livre arbítrio nunca nos foi negado. Nós desenvolvemos a
condição de prisioneiros por nós mesmos, e ficamos totalmente atávicos a estes
padrões emocionais robotizados, nos maltratando, deixando de viver, e por vezes
chegamos a um estado de torpor tão grande que sequer questionamos o porque
disto, e quando em algum lampejo tal
pergunta nos passa pelo pensamento, o ego imediatamente a exterioriza tratando
o problema na periferia.
Também
a proposta não seria a de sermos paladinos destemidos, pois quem não teme é um
idiota. Medo como regulador dos passos, como um sinalizador de cuidado é sempre
louvável, mas o medo descabido e desconhecido, que pior que te impedir a
caminhada , te guia por caminhos tortos, este deve ser evitado.
Então
a coisa mais salutar a se fazer, é voltar-se para a escuridão interior e buscar
tatear nossos medos, entende-los, ver de onde brotaram, porque estes pequenos e
danosos seres não resistem a uma única centelha de luz inquisitória. Uma vez com
eles mapeados o EGO tonará a voltar ao serviço do ser maior que é sua
consciência (ésta em um aspecto mais amplo),e desta forma podemos assumir a
nossa posição de deuses como reais manipuladores deste plano.
Creiam-me
isto é possível, pois como dito a muitos anos atrás por um sábio da física :
“O
mundo não esta cheio de átomos, esta cheio de ideias”.
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